O alto índice de desmatamento na região sul do Amazonas levou o Ibama a montar uma base de operação no município de Apuí, distante 455 km de Manaus, onde as áreas de floresta são cada vez mais devastadas para dar espaço a pastos. Entre agosto de 2012 e fevereiro de 2013, mais de 1600 km² da Floresta Amazônica foram destruídos, área equivalente ao tamanho da cidade de São Paulo. Os números são do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em uma análise de perda de mata em nove estados da Amazônia.
Das oito madeireiras existentes em Apuí, apenas uma funciona com autorização do Ibama. O aperto da fiscalização fez com que alguns madeireiros abandonassem os equipamentos e galpões. O município é o segundo maior produtor de gado do Amazonas e também um dos com maior foco de desmatamento no estado.
Somente no mês de maio, o Ibama já aplicou mais de R$ 5 milhões em multas. Para o governador Omar Aziz, o órgão precisa avaliar com mais cautela estas penalizações. “Eu acho que está sendo passado por cima de licenças que já foram dadas pelo Instituto de Proteção Ambiental do Estado do Amazonas (Ipaam). A gente tem que ter um pouco de cuidado, é uma coisa séria, mas eu não vejo essas pessoas como bandidos. Vou trazer essa questão pra ser discutida em Manaus para entender motivo de eles estarem fazendo isso”, avaliou Omar Aziz.
As imagens de satélite mostram pontos de desmatamento. No entanto, o que mais preocupa são os novos desmatamentos, aqueles que ainda não foram detectados pelos satélites. O chamado “tapete verde” da Amazônia ameaçado pelo desmatamento.
Segundo o fiscal do Ibama Givanildo dos Santos, estes desmatamentos são feitos com o objetivo de abrir espaço para a criação de gado. “O que a gente tem percebido é que quando nos deslocamos até uma área de desmatamento, acabamos encontrando outros quatro ou cinco desmatamentos novos, que ainda não haviam detectados pelo nosso sistema de satélites por conta das nuvens”, afirmou.
As áreas desmatadas quase sempre são ocupadas pelo gado, mas é possível praticar uma pecuária de forma sustentável. Em uma das propriedades do município, o gado é dividido em pequenos pastos e faz uma espécie de rodízio, uma semana em cada pasto. A rotatividade ajuda a preservar as áreas verdes sem precisar desmatar grandes espaços. “A gente tem tentado fazer isso. Sabemos que não é muito fácil. Apuí é o hoje o segundo maior produtor da gado do Amazonas. No estado, a tradição da mata é muito grande, então o desafio é produzir o gado e também evitar atingir o ambiente”, contou o pecuarista Robson Marmentini. (Fonte: G1)