Uma das razões para os ventos de alto-mar não terem engrenado como fonte energética nos Estados Unidos é o custo elevado da construção de uma torre na água. No entanto, pesquisadores da Universidade do Maine tentaram recentemente outra abordagem, lançando uma máquina eólica flutuante. É a primeira instalação eólica em alto-mar em águas americanas, segundo o Departamento de Energia.
A torre, lançada em Brewer, no Maine, assenta-se sobre três tubos ocos de concreto e ficará ancorada no golfo do Maine. Ela tem meros 20 quilowatts de capacidade, volume de energia que poderia ser absorvido por um punhado de casas num dia quente de verão. Porém, tem um oitavo das dimensões daquela que os pesquisadores esperam acionar dentro de alguns anos, um gigantesco modelo de 6 megawatts, em que cada lâmina tem comprimento equivalente à envergadura de um Boeing 747.
Por causa da sua localização, ela terá duas grandes vantagens sobre as máquinas em terra, segundo Habib Dagher, professor de engenharia civil na universidade.
As máquinas eólicas em terra geram a maior parte da sua energia à noite, ao passo que essa, segundo ele, irá apanhar as brisas fortes e previsíveis que surgem em todas as tardes ensolaradas de verão, quando o sol aquece mais a terra do que o mar, criando uma brisa na direção da terra.
Ao longo de um ano, as máquinas em terra no leste dos Estados Unidos produzem apenas um terço da eletricidade que resultaria se elas funcionassem a plena capacidade em todas as horas do ano. Já a instalação flutuante irá produzir de 40% a 50%, porque os ventos em alto-mar são mais fortes.
A engenharia, no entanto, é complicada: a ponta da torre, por exemplo, oscila junto com as ondas, mas a plataforma foi projetada para balançar em um ritmo mais lento do que as ondas, a fim de reduzir seu impacto.
O projeto é um dos sete patrocinados pelo Departamento de Energia sob um programa de US$ 168 milhões. Três são flutuantes, quatro são fixas e essa é a primeira a ser colocada em uso, segundo Jose Zayas, diretor do setor de Tecnologias de Energia Eólica e Hídrica do Departamento.
O projeto é pequeno, mas “é importante reconhecer que está numa escala relevante”, afirmou. “Ele de fato representa o comportamento e a dinâmica de uma máquina grande.”
Entre as questões está a da durabilidade. Dagher disse que o concreto não irá corroer e deve durar 60 anos.
“A beleza da tecnologia flutuante é que ela não liga para a profundidade da água”, afirmou. A água é rasa na maior parte da Costa Leste, mas não no Maine e não em grande parte da costa da Califórnia. (Fonte: Folha.com)