As cores brilhantes e os padrões marcantes do mundo animal servem tanto para esconder indivíduos quanto para atrair a atenção alheia. Alguns peixes, como os amarelos da espécie Pomacentrus amboinensis, abundantes na Grande Barreira de Corais da Austrália, possuem “ocelos” (círculos) falsos na nadadeira dorsal traseira que crescem com a exposição a predadores quando as presas ainda são jovens, segundo um novo estudo publicado na quinta-feira (25), na revista online “Scientific Reports”.
Essas manchas grandes e escuras, rodeadas por um anel colorido que representa uma íris ao redor da pupila, imitam a aparência de um olho dos vertebrados. Após décadas de pesquisas, sua função ainda não foi definida pela ciência, mas há algumas hipóteses: confundir os predadores, intimidá-los, conduzi-los a regiões não vitais do corpo, sinalizar a presença da presa ou ser simplesmente um resquício evolutivo não mais utilizado.
Esse tipo de mimetismo (estratégia para confundir os predadores por meio de cores, texturas, formato do corpo ou comportamento) há muito tempo fascina os ecologistas evolucionários, que agora, pela primeira vez, observaram que a exposição a predadores é capaz de aumentar o tamanho dos ocelos dos peixes jovens.
Além disso, o contato com eventuais ameaças pode reduzir o tamanho dos olhos verdadeiros das presas, causar alterações morfológicas e até de comportamento. Essas mudanças poderiam prevenir ou deter ataques e acelerar a velocidade de fuga, o que significa uma vantagem de sobrevivência aos indivíduos em seu ambiente natural.
Segundo os autores – da Universidade James Cook, na Austrália, e da Universidade de Saskatchewan, no Canadá –, os peixes expostos por seis semanas a predadores naturais, da espécie Pseudochromis fuscus, tiveram uma sobrevida maior, com apenas 10% de mortalidade, enquanto os animais do grupo de controle apresentaram 60% de mortalidade 72 horas após serem lançados aos perigos do recife. (Fonte: G1)