Dois terços dos rios na costa leste dos Estados Unidos registram níveis crescentes de alcalinidade, com o que suas águas se tornam cada vez mais perigosas para a rega de plantios e a vida marinha, informaram cientistas.
A razão da mudança é o legado da chuva ácida, que corrói rochas e pavimento, que são ricos em minerais alcalinos, disseram os cientistas na revista Environmental Science and Technology.
O estudo, chefiado por Sujay Kaushal, geólogo da Universidade de Maryland, no Leste dos EUA, examinou 97 rios do Estado de New Hampshire, no Nordeste, à Flórida, no Sudeste, entre os últimos 25 a 60 anos, e encontrou “tendências significativas no aumento da alcalinidade em 62 dos 97 locais”.
Estes rios são importantes porque abastecem com água potável grandes cidades como Washington, Filadélfia, Baltimore, Atlanta e outras metrópoles importantes.
Os cientistas disseram que este maior conteúdo alcalino pode complicar o tratamento das águas residuais e da água potável e levar a uma rápida corrosão da tubulação metálica.
A água com altos níveis de alcalinidade pode ser mais salgada e conter mais minerais. Também pode levar à toxicidade do amoníaco, capaz de causar danos a cultivos de rega, assim como afetar peixes e outras espécies de água doce.
A alcalinidade aumenta mais rápido em locais onde há pedra calcária ou rochas carbonadas debaixo dos corpos d’água, em regiões altas e onde a queda ou a drenagem das chuvas ácidas sejam elevadas, afirmaram os cientistas.
A dissolução de partículas alcalinas que terminam nas vias fluviais se atribui a um processo conhecido como meteorização química, no qual o ácido corrói a pedra calcária, outras rochas carbonatadas e até mesmo calçadas.
“Em alguns arroios que são cabeceira de corpos d’água, isto pode ser uma coisa boa. Mas também estamos vendo crescentes compostos antiácidos rio abaixo. E estes locais não são ácidos e as algas e os peixes podem ser sensíveis às mudanças de alcalinidade”, disse Kaushal.
Apesar de a chuva ácida estar em queda nos Estados Unidos, devido em grande parte a restrições ambientais mais duras estabelecidas na década de 1990, seu legado persiste.
“Este é outro exemplo da ampla repercussão do impacto humano nos sistemas naturais (que) é, penso eu, cada vez mais preocupante”, disse o coautor do estudo e ecologista Gene Likens, da Universidade de Connecticut e do Instituto Cary de Estudos dos Ecossistemas. “Os legisladores e o povo pensam que a chuva ácida sumiu, mas não é assim”, acrescentou.
Os pesquisadores disseram ser difícil prever por quanto tempo persistirá esta tendência à alcalinização dos rios. (Fonte: UOL)