Projeto busca resgatar importância do Rio Capibaribe para os recifenses

Diz a máxima pernambucana que o Rio Capibaribe se encontra ao Rio Beberibe, no Recife, para formar o Oceano Atlântico. Com tanta importância no imaginário social – e ainda nas artes produzidas em Pernambuco e no dia a dia das cidades -, o curso de água que nasce no município de Poção, no Agreste, está recebendo uma justa homenagem, em forma de projeto colaborativo. Produzido por fotógrafos, arquitetos, escritores, artistas, designers e geógrafos, o livro “Eu Capibaribe: o rio que termina onde a cidade começa” se encontra em processo de pré-venda, de maneira a financiar o todo do projeto.

Em 144 páginas, a publicação reúne fotos e relatos sobre rio que corta grande parte do Recife e cidades como São Lourenço da Mata, Limoeiro e Santa Cruz do Capibaribe. A intenção não é realizar uma obra que apenas aponte problemas ou que levante algum tipo de bandeira, mas mostrar o Capibaribe como um organismo vivo, essencial na configuração urbana e natural de Pernambuco. “Nós queríamos um livro de arte que fosse um recorte da realidade, que representasse como o rio é hoje. Temos uma variedade de pontos de vista para dar uma leitura prazerosa e não pessimista dos fatos. A gente acredita que, quando você olha para o rio, é mais fácil de se apaixonar. E, a partir do momento em que você se apaixona, é mais fácil você se envolver com ele”, contou, em entrevista ao G1, a designer Gisela Abad, uma das idealizadoras do projeto.

Nascida no bairro de Casa Forte, no Recife, Gisela conta que sua ligação afetiva com as águas do Capibaribe remetem à infância, quando, inclusive, acompanhou as épocas de cheias no Recife. “Morei muitos anos fora, e esse tempo, acho, me fez sentir ainda mais saudade. O rio, como diziam poetas e o escritor Anco Márcio [que também participa do projeto], é como um ser vivo cortando a cidade. Ele está presente o tempo inteiro. Se você passar a observar, é um rio que sempre muda de cor, que está vivo”, falou Gisela.

Apesar de toda a importância histórica e econômica que o Capibaribe traz ao Recife, a realidade na cidade ainda é de abandono. Nas margens do rio pela capital, não é difícil encontrar construções irregulares e outras que viram as costas para a paisagem natural. Para os idealizadores, a população do Recife precisa ter acesso a novos materiais, novas informações, para inverter a atual lógica urbana da cidade – a de se virar para a rua.

Projeto Colaborativo – O “Eu Capibaribe: o rio que termina onde a cidade começa” é construído de maneira colaborativa, uma espécie de “crowdfunding”, que é um tipo de financiamento coletivo. A venda funciona como uma espécie de consórcio, entre a Editora Caleidoscópio, de Abad, e o arquiteto e urbanista Márcio Erlich.

A modalidade de compra adotada é conhecida como “pre-tail”, que é a aquisição do produto quando ele ainda se encontra na fase de concepção e produção. Cada participante, além de adquirir a obra por um valor mais barato, terá seu nome no livro, em uma lista que fluirá pelo rodapé da obra. Os interessados devem acessar o site Eventick e pagar um valor de R$ 75.

A publicação conta com a participação especial de quatro fotógrafos: Eduardo Queiroga, Beto Figueiroa, Alexandre Severo e Maira Erlich. Ainda contribuem o escritor e professor Anco Márcio Tenório Vieira, o geógrafo Antônio Carlos de Barros Corrêa, e o arquiteto e urbanista Julien Chitunda, um belga-suíço radicado no Recife.

A publicação “Eu Capibaribe…” será lançada no dia 24 de novembro, data de aniversário do Capibaribe. Outras informações sobre o projeto podem ser adquiridas no perfil do projeto Facebook. (Fonte: G1)