Estudo adverte sobre risco de casos de dengue durante a Copa de 2014

Um estudo publicado na revista “Nature” desta semana recomenda que o governo brasileiro tome medidas capazes de neutralizar o risco de dengue durante a Copa do Mundo de 2014.

O Ministério da Saúde discorda da avaliação feita pelo autor e destaca que o Brasil é um dos únicos países do mundo com um programa permanente de combate à dengue.

Como informa a agência AFP, a pesquisa foi feita por Simon Hay, especialista em doenças infecciosas da Universidade de Oxford, na Inglaterra.

Segundo a investigação, o risco vinculado ao vírus transmitido pelo mosquito Aedes aegypti será maior em três cidades-sede da competição no nordeste: Fortaleza, Natal e Salvador.

Em outras cidades, a temporada de dengue poderia culminar antes do Mundial, previsto entre os dias 12 de junho e 13 de julho. “Infelizmente, durante este período, o risco segue sendo alto no Nordeste”, disse Hay, em comentário publicado no periódico científico.

“As autoridades brasileiras deveriam implementar medidas para controlar os focos em abril e maio, especialmente nos estados do norte do país, para reduzir a quantidade de mosquitos transmissores da dengue”, continuou o especialista.

Induzida por um vírus transmitido na picada do mosquito, a dengue provoca inicialmente sintomas parecidos com os da gripe. Em alguns casos, podem acontecer complicações que resultam numa dengue hemorrágica, podendo ser mortal. Não existe vacina.

Doenças de fora do Brasil – Hay alertou também do risco teórico para os brasileiros da possibilidade de visitantes de fora do país trazerem tipos do vírus contra os quais a população local pode ter baixa imunidade.

Em 20 de novembro, o Brasil registrou 573 casos de morte por dengue no ano, contra 292 em 2012 e 472 em 2011.

A maior incidência de casos mortais se deu em Minas Gerais, seguido por São Paulo (72), Goias (58), Ceará (54) e Rio de Janeiro (48).

Governo discorda – O secretário de Vigilância em Saúde do ministério, Jarbas Barbosa, disse ao G1 que o governo já tem previstas ações para alertar os turistas para questões de saúde que podem ser mais preocupantes durante a Copa, como o vírus influenza, nos estados mais ao sul, onde será inverno, e a febre amarela em áreas florestadas.

Em relação à dengue, Barbosa destaca que o país tem um programa permanente de prevençaõ e combate. Além disso, mesmo nas cidades nordestinas citadas por Hay, o pico sazonal da doença, que é em abril e maio, já terá passado.

Se analisados os últimos 5 anos, Fortaleza, Natal e Salvador, durante os meses de junho e julho tiveram incidência de casos que não chega sequer a 10% do que seria necessário para ser considerada epidemia (300 casos por 100 mil habitantes). “E o Brasil tem é o país com definição de casos mais sensível”, comparou o secretário.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) alertou para o fato de a dengue estar se expandido, impulsionada pelo aumento do turismo e da globalização do comércio, e 40% da população mundial está atualmente ameaçada.

Entre 50 e 100 milhões de infecções com dengue ocorrem no mundo a cada ano, de acordo com dados da OMS. Em 1970, a doença era endêmica em apenas nove países. (Fonte: G1)