O Congresso Nacional promoveu nesta segunda-feira (16), no plenário do Senado, uma sessão solene em homenagem aos 25 anos da morte do ambientalista Francisco Alves Mendes, mais conhecido no país como Chico Mendes. Líder seringueiro da Amazônia, ele foi assassinado em 22 de dezembro de 1988, aos 44 anos, com um tiro no peito na porta de sua casa, no município de Xapuri (AC).
Nesta segunda, a presidente Dilma Rousseff sancionou um projeto de lei, de autoria da deputada Janete Capiberibe (PSB-AP), que torna Chico Mendes patrono nacional do meio ambiente.
Durante a sessão conjunta do Senado e da Câmara que resgatou a memória do líder seringueiro, o senador Anibal Diniz (PT-AC), um dos autores do requerimento que sugeriu a homenagem, destacou a importância de Mendes contra o desmatamento. O parlamentar do Acre citou prêmios de reconhecimento ao trabalho do ambientalista acreano, como o Global 500, distinção concedida a Chico Mendes pela Organização das Nações Unidas em 1987.
“Temos a obrigação de dar prosseguimento a esse sonho […] O trabalho dele [Chico Mendes] é uma semente que foi plantada e continua a dar frutos”, discursou Diniz, enquanto o telão do plenário reproduzia fotografias do seringueiro.
Uma das filhas de Chico Mendes, Ângela Mendes, esteve presente na homenagem e ressaltou que, em várias regiões da Amazônia, ainda há conflitos entre fazendeiros e extrativistas.
“Ainda mais quando a gente vê os mesmos grupos que se organizaram no poder há 25 anos atrás para fazer calar quem gritava por esses direitos, hoje tentam impor de toda forma o ponto de vistas o que é melhor para a Amazônia sem levar em consideração as pessoas”, afirmou.
Encontro – O vice-presidente do Senado, Jorge Viana (PT-AC), relembrou uma conversa que teve com Chico Mendes na Universidade de Brasília (UnB), em 1985, quando estudante de Engenharia Florestal.
“Naquela época ninguém discutia problema ambiental no Brasil. O Chico Mendes estava e a partir de ideias muitos simples de mudar a lógica das políticas públicas e de uma aproximação. Ele queria que a floresta pudesse conviver com a presença humana”, contou.
Patrono do meio ambiente – Chico Mendes nasceu em 15 de dezembro de 1944, no município de Xapuri, interior do Acre. Seringueiro na Amazônia, Mendes se tornou conhecido mundialmente por sua luta contra o desmatamento e a transformação da floresta em pasto para gado. A derrubada de árvores afetava o trabalho dos seringueiros da região, com a diminuição do látex disponível.
Chico Mendes trabalhava para fazendeiros extraindo a matéria-prima da borracha natural, mas se revoltou no momento em que os donos de terras começaram a vendê-las para criadores de gado vindos do sul do país.
O seringueiro virou líder sindical no Acre e passou a promover com colegas atos de resistência, também conhecidos como “empates”, nos quais confiscavam motosserras e impediam o trabalho de pecuaristas.
Diversos líderes dos sindicatos que representavam os seringueiros foram mortos por vingança a partir da década de 1980. Em 1988, Chico Mendes foi morto ao sair de casa. A Justiça condenou, em dezembro de 1990, o fazendeiro Darly Alves da Silva e seu filho, Darci, a 19 anos de prisão, pela morte do líder sindical. (Fonte: G1)