Onça-pintada corre risco extremo de extinção na mata atlântica

Animal que faz parte do topo da cadeia alimentar da mata atlântica, a onça-pintada (Panthera onca) corre o risco extremo de extinção nesse bioma.

Estudo desenvolvido pelo Cenap (Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos e Carnívoros), instituto criado pelo Ibama, aponta que devem existir somente 250 onças-pintadas adultas na mata atlântica, o que representa uma redução de 80% nos últimos 15 anos.

Segundo o chefe do Cenap, Ronaldo Morato, poucas ações foram tomadas nos últimos anos para conter o desaparecimento do maior mamífero da vegetação.

Cientistas investem agora em novas pesquisas que possam mapear a população restante e contribuir com a preservação do animal.

Segundo Morato, a extinção do animal pode significar o fim da mata atlântica em pouco tempo. O felino é predador de herbívoros, como veados e capivaras, e sua falta poderá causar um grande desequilíbrio ambiental.

Uma das principais causas para a redução drástica é a caça, tanto a predatória, identificada na década de 1990, quanto a retaliatória.

“No Parque Nacional do Iguaçu há muitas comunidades ao redor nas quais a perda de um animal, como uma vaca, é algo muito importante”, diz Marina Xavier da Silva, coordenadora de área do Projeto Carnívoros do Iguaçu. Segundo ela, os produtores rurais matam as onças que atacam o rebanho.

O biólogo Pedro Galetti, especialista em genética da conservação da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos), diz que o mais preocupante é que apenas 20% dos indivíduos restantes, ou seja 50 animais, devem estar em idade reprodutiva.

Pedido de socorro – O tema foi discutido em um encontro de cientistas realizado em Araraquara (SP) em outubro. No mês seguinte, uma carta de alerta foi publicada na prestigiosa revista científica “Science”.

No Cenap, estão sendo realizadas novas pesquisas para coletar mais informações sobre os animais restantes.

Com recursos de instituições como Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) e CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), as pesquisas terão início nas próximas semanas.

Uma delas usará imagens de satélites para identificar quais pontos da mata atlântica são efetivamente utilizados pela onça-pintada para que a preservação da área seja mais controlada.

O ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) executa desde 2012 o Plano de Ação Nacional para Conservação da Onça-Pintada.

No atual estágio, está sendo feito trabalho de conscientização com comunidades que vivem próximas aos habitats para a redução da caça retaliatória – como o que é realizado no Parque Nacional do Iguaçu.

O instituto também tem realizado reuniões com órgãos fiscalizadores, como as polícias Militar, Civil e Federal, para discutir planos para coibir a caça e apreensão do animal na natureza. (Fonte: Folha.com)