Especialistas, cientistas e instituições comprometidas em debater mudanças climáticas são unânimes em defender que é preciso investimentos das nações mais desenvolvidas em ações que reduzam os impactos do aquecimento global.
“Temos que mudar rápido e temos oportunidade para utilizar nossas energias de conhecimento e financeiras para ajudar os países em desenvolvimento e pobres. As nações ricas precisam ajudar, porque têm responsabilidade. As consequências vão afetar a todos, pobres e ricos, sem distinção”, disse Jonh Gummer, presidente honorário da Globe International, organização que promove a 2ª Conferência Globe International para Mudanças Climáticas na Cidade do México. Participam do encontro 275 parlamentares de 65 países.
Segundo ele, os países mais ricos precisam assegurar que o desenvolvimento ocorra de maneira sustentável. “(Eles têm de) fortalecer os países pobres e emergentes para que possam usar energias renováveis”, concluiu o representante da Globe. A entidade apartidária reúne legisladores de todo o mundo e apoia iniciativas de avanço nas leis e modelos de desenvolvimento sustentável.
O vice-presidente do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, Jean-Pascal, lamentou a ausência de representantes da Austrália e do Canadá e disse que não há muito tempo para tratar o tema. “A natureza não espera. Vemos todos os dias os efeitos das mudanças climáticas. O gelo está derretendo muito mais rápido do que pensávamos. Uma quantidade de efeitos está sendo agravada”, alerta o especialista.
Carbono – Para reduzir os efeitos das emissões de carbono na atmosfera e, ao mesmo tempo, encontrar alternativas que possam capturar a produção atual de dióxido de carbono, é preciso quadruplicar o uso de energias renováveis, segundo especialistas.
Para o pesquisador Jean-Pascal, o desafio, até 2100, é tentar zerar as emissões de dióxido de carbono, e não apenas reduzi-las entre 50% e 80%, como se discute atualmente.
Pascal destacou os impactos do aquecimento global sobre setores como agricultura e recursos hídricos e citou o risco de diminuição da produção de quatro cereais fundamentais na alimentação da população mundial. “Milho, arroz, trigo e centeio estão ameaçados, por isso é necessário, entre outras medidas, o uso de espécies mais resistentes”.
O Banco Mundial, parte da Globe International, tem um departamento específico para tratar de mudanças climáticas. De acordo com Rachel Kyte, vice-presidente da instituição, os países ricos precisam fixar um preço para o carbono, uma taxa, um imposto. No entanto, ela afirma que, apesar de já existirem muitas alternativas mostradas pelos parlamentares presentes, a maioria dos políticos não tem ideia do que se passa no mundo.
“É preciso envolver não só os ministros de meio ambiente, mas também os ministros de economia e finanças para elevar o patamar de investimentos. O setor privado e a sociedade civil organizada estão pedindo soluções”, informou Rachel.
Segundo ela, o importante é a troca de experiências e o desenvolvimento de ações conjuntas e específicas nos países. “O que estamos fazendo é desenvolver sistemas financeiros para investir em crescimento de sistema de transporte, edifícios verdes, crédito para essa infraestrutura, ajudando os municípios a desenvolver um plano, uma carteira de projetos viáveis e vermos os créditos mais baratos.”
O presidente da Academia de Ciência mexicana, José Franco Lopez, disse que as autoridades que tomam decisões importantes nas questões de clima e meio ambiente em todo o mundo precisam levar em conta as informações técnicas e científicas já existentes. “De que adianta se nós produzimos informações e os países mais desenvolvidos não fazem nada? Se a temperatura global continuar subindo no ritmo atual, provocando o desequilíbrio climático que tem consequência específica na elevação do nível do mar, provocará fenômenos já conhecidos, com as populações deixando seus estados e nações.” (Fonte: Agência Brasil)