Uma pesquisa publicada em maio na revista Conservation Biology aponta que 47 espécies de aves provavelmente foram extintas da região metropolitana de Belém desde 1812. O banco de dados foi construído a partir de dados históricos de espécimes coletadas e de observações publicadas por diversos naturalistas, como o inglês Alfred R. Wallace. Nenhum indivíduo de qualquer uma das 47 espécies foi avistado na região depois de 1975.
De acordo com a Dra. Nárgila Moura, que liderou a pesquisa realizada pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) e pela Rede Amazônia Sustentável (RAS), as primeiras espécies a desaparecerem foram as de grande porte como arara- azul-grande (Anodorhynchus hyacinthinus) e o gavião-real (Harpia harpyja), extintas antes de 1900.
Essa perda inicial estaria mais relacionada à caça e ao tráfico, mas também coincidiu com a construção de uma ferrovia para Bragança, no interior do Pará, o que aumentou o desmatamento na região. Mais tarde, em meados do século 20, desapareceram as espécies de pequeno porte, dependentes de florestas primárias e, portanto, sensíveis ao desmatamento.
“A região de Belém ainda possui florestas ao seu redor, mas as áreas protegidas estão sendo desmatadas e degradadas a cada ano. O nosso trabalho serve de alerta para que essas áreas sejam protegidas com mais rigor e para que políticas de recuperação florestal sejam implementadas, de forma a garantir a proteção das espécies que ainda existem na região”, afirma Nárgila.
As aves são um dos grupos de animais mais bem estudados e a perda destes animais serve como um sinal para a provável perda de espécies de outros vertebrados, além de plantas e insetos, inclusive aquelas que podem não existir em outras regiões.
Para outro pesquisador responsável pelo estudo, o Dr. Alexander Lees, que já estuda aves na Amazônia há mais de 10 anos, “proteger os remanescentes florestais de efeitos como caça e fogo é muito importante para garantir o futuro das espécies ameaçadas na região”. Lees ressalta que a extinção local dessas espécies é uma perda para economia local, pois muitas destas espécies são de grande interesse para ecoturistas e observadores de pássaros, muitos dos quais viajam longas distâncias para ver as aves amazônicas. (Fonte: UOL)