Cientistas anunciaram nesta terça-feira (5) a descoberta de um gene em tomates selvagens que permite que plantas agricultáveis sejam cultivadas 24 horas por dia com luz natural e artificial, aumentando a produção em até 20%.
Nos anos 1920, experimentos demonstraram que plantas de tomate modernas sofrem potencialmente de danos em suas folhas quando crescem sob luz contínua.
Como resultado, os tomates comerciais precisavam ser cultivados em um ciclo diurno/noturno, no qual a luz é limitada a cerca de 16 horas por dia.
Em contraste, outras espécies de plantas, como pimentas, alfaces e rosas, não tinham este problema e podiam ser cultivadas sob luz contínua todo o tempo, o que representa um benefício para estufas industriais.
Cientistas da Universidade Wageningen, na Holanda, afirmaram ter vasculhado o genoma de uma cepa de tomate selvagem nativa da América do Sul. Eles encontraram no cromossomo 7 um gene chamado CAB-13, que confere tolerância à luz contínua.
O gene foi, então, transferido para plantas modernas por meio de um cruzamento tradicional, em vez da engenharia genética, e o híbrido foi posto em testes – afirmaram.
As plantas cultivadas durante 24 horas por dia tiveram um ganho de produção de até 20% em comparação com as expostas à luz por 16 horas em condições de estufa, reportaram os cientistas na revista “Nature Communications”.
Até agora, não havia indícios de impactos negativos no sabor do tomate, ou em sua exposição para venda, afirmou o principal pesquisador, Aarón Vélez-Ramírez.
“Parece que estamos falando apenas de mais tomates com as mesmas características daqueles produzidos em um período de 16 horas de exposição à luz”, afirmou em e-mail enviado à AFP.
“Algumas variedades de batatas e petúnias, que pertencem à família do tomate, também são sensíveis à exposição contínua à luz. Portanto, podem se beneficiar de encontrar uma forma de conferir a elas tolerância à luz contínua, mas não penso que tenha sentido econômico fazê-lo”, completou.
Muitas espécies de plantas são tolerantes à luz contínua, mas só faz sentido financeiramente para agricultores que se concentram em cultivos de alto valor, devido ao custo da iluminação – explicou.
“De um ponto de vista científico, é claro, sempre é interessante descobrir porque algumas espécies podem tolerar a luz contínua e outras, não”, prosseguiu Vélez-Ramírez.
“Quando respondermos a esse tipo de dúvida, aprenderemos muito sobre como as plantas funcionam e como podem se adaptar ao seu ambiente”, concluiu. (Fonte: UOL)