Um grupo de biólogos da USP iniciou um estudo para avaliar o potencial de infestação de carrapatos-estrela – transmissor da febre maculosa – entre os pássaros dentro da universidade em Ribeirão Preto (SP). A pesquisa consiste em avaliar com que intensidade as aves transportam os artrópodes de uma área que foi isolada por causa da presença de capivaras no campus. A previsão é de que o estudo seja concluído em 2016.
Desde junho, 50 pássaros foram vistoriados, pesados e sinalizados com anilhas, segundo a pesquisadora que lidera o estudo, Ana Carla Aquino. Dentre as espécies monitoradas, há saíras, bem-te-vis, corruíras, periquitos de encontro amarelo, pica-paus e sabiás. A ideia é comparar os exemplares capturados dentro da área isolada – local fechado por alambrados onde estão as capivaras– e os encontrados fora desse espaço.
“A intenção é saber se essas aves estão sendo parasitadas por carrapatos, se há diferença entre as áreas. A gente captura, tira medidas e amostras de pena, procura os carrapatos, e coloca as anilhas. Se houver esse tipo de transposição, muito provavelmente se estiverem com carrapatos, os pássaros os dispersarão. Queremos saber o potencial de se pegar carrapato e se surte diferença o fato de existir esse alambrado”, afirma.
O estudo com duração de dois anos pode orientar pesquisas similares em outras localidades e servir de experiência para os estudantes participantes, explica Ana Carla. “É uma forma de treinar os alunos para que depois de formados tenham essa experiência de trabalho para outros lugares”, disse.
O prazo estipulado para a pesquisa, segundo ela, é importante para compreender diferentes condições climáticas, que podem mudar o comportamento dos bichos. “Por enquanto, pode ser por causa da época, a taxa de infestação está baixa e as únicas aves que achamos com carrapatos foram capturadas naquela área do lago que está fechada, onde tem muita capivara. É importante lembrar que isso pode variar conforme a época do ano.”
Histórico de problemas – As medidas para limitar a circulação de capivaras no campus foram tomadas por causa do histórico de infestação por carrapatos-estrela na USP. Em setembro de 2011, a pista de atletismo precisou ser fechada. Aulas e outras atividades foram suspensas após duas pessoas terem sido picadas pelo parasita.
Em junho de 2012, cartazes foram fixados por toda a universidade para alertar sobre os riscos de frequentar alguns locais dentro do campus. Dois meses depois, a universidade anunciou que um veneno estava sendo aplicado na tentativa de combater a infestação. Logo em seguida, a pista de atletismo voltou a ser fechada, tendo sido reaberta apenas em outubro. (Fonte: G1)