O nível do Sistema Cantareira chegou a 3,6% neste domingo (19), segundo medição da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). O índice é menor do que o registrado no sábado (18), que foi de 3,8%, e na sexta-feira (17), que havia sido 3,9%.
Por causa de problemas técnicos, a companhia deixou de informar, em sua página na internet, a situação dos reservatórios do Cantareira. Os dados estão sendo publicados no Facebook da empresa. O problema deverá ser solucionado até segunda-feira (20).
O Sistema Cantareira abastece 6,5 milhões de habitantes das zonas Norte e central e partes das zonas Leste e Oeste da capital, bem como os municípios de Franco da Rocha, Francisco Morato, Caieiras, Osasco, Carapicuíba e São Caetano do Sul (na sua totalidade); e parcialmente Guarulhos, Barueri, Itapevi, Jandira, Santana de Parnaíba, Cajamar e Santo André.
A Agência Nacional de Águas (ANA) deu autorização formal para a Sabesp captar a água da segunda cota do volume morto do Cantareira. A liberação foi divulgada na sexta. A captação estava vetada pela Justiça Federal, mas o governo paulista conseguiu derrubar a liminar na quinta-feira.
A ANA afirmou que o uso dos 106 bilhões de litros de água disponíveis na reserva técnica II deve ser feito em parcelas, que considerem volume garantido para a população da Região Metropolitana de São Paulo e atendidas pelos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (bacia PCJ) até 30 de abril de 2015.
A Sabesp, se aceitar as condições, deve enviar um plano das cotas até o fim de novembro para que não ocorra desabastecimento. A ANA também voltou a alertar em documento que a Sabesp já fez captação ilegal na Atibainha, explorando a água abaixo da cota autorizada pelos órgãos reguladores. O governo paulista nega que tenha avançado sobre a segunda cota do volume morto sem permissão e diz que ele só será usado caso necessário.
A reserva técnica I, explorada desde maio, já teve 160,4 bilhões de litros bombeados de um total de 182,5 bilhões de litros. Para liberar o uso da segunda cota, a ANA avaliou a projeção de demanda do Cantareira, que apresentou redução de vazão durante o período de chuva. O relatório enviado pela Sabesp detalha a forma de utilização da reserva e faz projeções sobre a situação do Cantareira.
Fim do 1º volume morto – Na análise da ANA sobre os dados da própria Sabesp, há possibilidade que a primeira cota do volume morto acabe antes de 15 de novembro, caso não chova. A hipótese contraria a declaração do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, que negou o término da reserva técnica no próximo mês.
Alckmin também considerou “deturpada” a afirmação da presidente da Sabesp, Dilma Pena, sobre o fim da água em meados de novembro caso não chova. “Nós temos uma disponibilidade suficiente para atender a população nesse regime de chuvas até meados de novembro”, disse Dilma Pena em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), na Câmara de Vereadores.
Após ter criticado a repercussão das declarações de Dilma Pena, Alckmin foi questionado sobre qual seria o prazo para o fim da água. “Não tem data, não tem data”, disse. “Não vai acabar a água. Vai acabar uma reserva técnica. E se acabar há uma segunda reserva técnica muito maior”, disse o governador, que conta com a ajuda do tempo para afirmar que não há prazo previsto para o fim da primeira cota. “E não vai chover mais?”, questionou.
A agência federal diz ter detectado que o volume de chuva registrado nas represas – chamado de vazão afluente – entre 1º e 13 de outubro é 3,8 vezes menor que o apontado no relatório da Sabesp para o período. Isso significa que nos 13 primeiros dias do mês, o volume de água que não chegou ao sistema foi de 12,8 milhões de metros cúbicos, volume 29% do atual disponível dos reservatórios.
O presidente da ANA, Vicente Andreu, disse que a agência foi favorável à utilização da reserva técnica II por causa da “severa estiagem que levou à redução acentuada das vazões afluentes ao Sistema Equivalente (represas Jaguari-Jacareí, Cachoeira e Atibainha)”, mas ressaltou que o Cantareira deve operar com, no mínimo, 10% do volume útil original. Isso corresponde a 97,4 milhões de metros cúbicos de água, volume observado pela última vez em 30 de abril.
O órgão regulador também quer que a operação do sistema use previsões de vazões afluentes (chuva nas represas) mais conservadoras e reavaliadas semanalmente para torná-las mais condizentes com os valores observados a serem efetuados pela ANA e o DAEE com base nas previsões dos institutos de meteorologia. E, mesmo com chuva entre outubro deste abo e abril de 2015, as represas devem operar com a meta de recuperação do volume útil dos reservatórios. (Fonte: G1)