Apesar da chuva de 54,7 milímetros que caiu nas cabeceiras do Sistema Cantareira, nos últimos cinco dias, o nível dos reservatórios voltou a diminuir na quinta-feira (6), chegando a 11,7% conforme medição da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). Na quarta-feira (5), os reservatórios estavam em 11,8%.
O volume de precipitações no Cantareira nesses primeiros cinco dias de novembro foram expressivos e já superam toda a chuva de outubro, que foi 42,4 milímetros. No entanto, o nível dos reservatórios não apresentou qualquer melhora neste início do mês.
Segundo o especialista em recursos hídricos da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Antônio Carlos Zuffo, a incidência de chuvas demora a elevar o nível dos reservatórios, devido ao longo período de estiagem que assola o manancial.
Zuffo explica que o aumento de vazão ocorre quando a água da chuva infiltra-se no subsolo, num processo muito lento, a uma velocidade de milímetros ou centímetros por dia. “A água que se infiltrou hoje só vai chegar ao reservatório, dependendo do lugar em que ela caiu, dois, três ou até seis meses depois”, disse o especialista.
A chuva em São Paulo neste mês, portanto, pode beneficiar o manancial a longo prazo. “Mesmo no período que está sem chuva e, que você vê que tem vazão no rio, essa vazão é devido à drenagem do reservatório no solo. Da água que se infiltrou em algum momento no passado e que ainda está escoando. Então, quando deixa de ocorrer chuvas, diminui essa recarga. Sem essa recarga, o reservatório vai diminuindo cada vez mais até secar”, esclarece Zuffo.
Ele acrescentou que outra forma de encher os reservatórios é com a água da enxurrada, num processo bem mais rápido, capaz de elevar imediatamente a capacidade do sistema. A velocidade de elevação do nível, nesse caso, pode chegar a metros por segundo. “Isso, porém, só ocorre no momento em que está chovendo”. (Fonte: Agência Brasil)