O protótipo do Serviço Sismológico Nacional entra no ar oficialmente nesta sexta-feira (28), comemorando também os 30 anos da sismologia moderna no Brasil. A solenidade ocorrerá no Instituto de Astrologia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (USP). O lançamento do portal marca a entrada em operação da Rede Sismográfica Brasileira (RSBR), que reúne pesquisadores do Observatório Nacional, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), da Universidade de Brasília (UnB) e da USP.
O portal foi desenvolvido e é gerenciado pelo Observatório Nacional, responsável pela implantação da Rede Sismográfica do Sul e do Sudeste (Rsis). Falando nesta quinta-feira (27) à Agência Brasil, o geofísico Sergio Fontes, coordenador da Rsis, ressaltou que o protótipo é uma iniciativa que representa o esforço das quatro instituições, que instalaram 80 estações sismográficas no país.
Essas estações transmitem dados em tempo real para o portal , que já está em operação. “Isso é bom porque o Brasil, apesar de não ser um país sísmico, pode registrar sismos de magnitude 6 ou acima de 6 [graus na escala Richter]. E isso pode causar danos se ocorrer em regiões habitadas.”
Sergio Fontes observou que o comum, no Brasil, é que haja sismos de magnitude entre 4 e 5 graus. Ele explicou que o padrão de atividade sísmica brasileiro sugere a ocorrência de sismos acima de magnitude 6 graus no intervalo de 50 anos. O último foi registrado em 1955, em Mato Grosso. “Já passou de 50 anos”, comentou, rindo.
Fontes destacou a importância do Serviço Sismológico, porque amplia a participação do Brasil na rede sismográfica mundial, que conta com mais de 6 mil estações. “Além da ocorrência de um sismo de magnitude maior, esses dados fornecem informações bastante preciosas sobre a estrutura do interior da terra, que são muito valiosas para que se conheça a evolução do planeta, para os recursos naturais. Eu acho que é um avanço que o Brasil está fazendo.”
A implantação de todas as sub-redes teve apoio da Petrobras, com recursos que alcançam cerca de R$ 25 milhões. Com a redução dos patrocínios pela estatal, os pesquisadores da RSBR terão de buscar novos investidores, a partir do próximo ano. Sergio Fontes estimou que seriam necessários em torno de R$ 1,5 milhão por ano para manter cada uma das quatro sub-redes (Sul/Sudeste, Centro/Sul, Centro/Norte e Nordeste). “Para que os mais de cinco anos de esforço de implantação dessa rede se mantenham”, reiterou.
Somente a Rsis tem hoje 17 estações em funcionamento, e deve chegar a 19 até o final deste ano. Os pesquisadores estão, no momento, instalando estações em ilhas. A primeira foi montada na Ilha da Trindade, no Espírito Santo. Eles querem instalar agora em Abrolhos, na Bahia, em Fernando de Noronha, Pernambuco. (Fonte: Agência Brasil)