A estação mais quente do ano – o verão, além de temperatura nas alturas, trouxe de volta às praias do Rio de Janeiro, animais que há muito não eram vistos, como águas-vivas e tatuís. Na semana passada, também foi vista no mar da cidade uma caravela portuguesa, bicho raro, com tentáculos, que vive em águas oceânicas, mas que surgiu na parte rasa da Praia do Leblon e provocou um acidente, ao atingir uma menina de 1 ano e 7 meses, que teve parte do corpo queimado por toxinas próprias do animal.
Os biólogos explicam que o aparecimento dessas espécies tem a ver com a temporada de reprodução. “Estamos na temporada natural de reprodução desses animais que ficam mais vulneráveis e podem ser levados para a orla pelas correntes marítimas”, explica o biólogo marinho Marcelo Szpilman, do Instituto Aqualung. Com mais gente na água do que em outras épocas, acidentes com queimaduras podem ser mais frequentes.
No caso de o banhista entrar em contato com uma água-viva ou caravela portuguesa, a primeira recomendação é não se apavorar. Szpilman esclarece que, no caso da água-viva, o veneno é pouco tóxico e o vinagre de cozinha pode diminuir o incômodo de pequenas queimaduras. Já no caso da caravela, cujo o veneno é mais tóxico, a recomendação é procurar um médico.
“Não pode esfregar a pele com toalha porque pode arrebentar os nematocistos (os espinhos dos tentáculos) que liberam mais toxinas, não pode limpar [a região com] água doce porque isso também provoca a liberação de mais veneno”, acrescentou a coordenadora do Centro de Intoxicações da Universidade Federal Fluminense, Lília Ribeiro Guerra . “O que pode é lavar com água do mar e procurar assistência imediata”, completou a especialista, que ajudou no socorro da menina de 1 ano, atingida na no Leblon.
Outra espécia que vêm surpreendendo os cariocas, na altura do Forte de Copacabana, são os tatuís. Os bichos, que vivem em pequenas conchas, na espuma das ondas, era comuns na orla carioca há mais de 20 anos, mas acabaram desaparecendo com a poluição e o aumento no número de banhistas.
O professor da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), Ricardo Cardoso, que estuda os tatuís desde a década de 1990, explica que eles são muito frágeis e, pelas mesmas razões, não sobreviverão por muito tempo em Copacabana. “Eles vieram com as correntes, de praias onde há colônias fixas, como a Praia de Fora, na Urca, e a Restinga da Marambaia”.
Quem encontrar os tatuís, alerta o professor, deve deixá-los na espuma das ondas. “Pode até brincar, colocar no baldinho, mas depois devolver”, orientou. “[Os tatuís] não devem ser enterrados na areia seca de jeito nenhum e nem arremessados ao mar. Eles vivem no rasinho”, completou. (Fonte: Agência Brasil)