Uma pesquisa da Embrapa Pecuária Sudeste, em São Carlos (SP), em parceria com a Unicamp, o Instituto Agronômico de Campinas e a Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (ESALQ/USP), identificou espécies nativas de grama que podem representar mais economia e segurança. Elas podem ser usadas em jardins, condomínios, nas margens das rodovias e em aeroportos e exigem menos manutenção, além de atraírem menos aves, diminuindo as chances de acidentes com aviões.
Os pesquisadores chegaram às oito variedades selecionadas depois de dois anos de análise de mais de 50 espécies. “Essas oito que nós escolhemos crescem pouco, em termos de altura, mas elas têm capacidade de cobrir o solo rapidamente e também apresentam características de resistência a insetos e à geada”, afirmou o engenheiro agrônomo Francisco Dübbern de Souza.
A ideia dos pesquisadores era encontrar espécies brasileiras que pudessem ser vendidas no comércio e identificar quais eram as melhores opções para cada ambiente. “A flora brasileira é muito rica, mas ao mesmo tempo nós temos muito poucas variedades que estão no comércio hoje em dia e nós achávamos que nós podíamos encontrar, dentre as espécies nativas, algumas que pudessem ser usadas, por exemplo, em rodovias, em aeroportos, ou mesmo em jardins domésticos e industriais”, explicou Souza.
Uma das aplicações é o plantio nas margens das estradas. A agência que regula o transporte no Estado de São Paulo determina que a grama não pode passar de 30 centímetros de altura e algumas das variedades descobertas pela Embrapa não crescem mais do que isso. Assim, a manutenção é menor e os gastos, que chegam a R$ 1,9 mil para poda a cada quilômetro de pista, diminuem.
As novas espécies de gramas também podem ajudar a garantir a segurança dos aeroportos. Segundo Souza, algumas variedades produzem menos sementes e, com isso, atraem menos aves. A Embrapa e a empresa que administra o aeroporto de Viracopos, em Campinas, assinaram um contrato de parceria técnica e, nesta semana, mudas das oito variedades foram plantadas em duas áreas do terminal.
A novidade pode ajudar também quem tem grandes áreas verdes em casa e condomínios como o cuidado pelo paisagista Paulo Henrique Giudicissi, que tem 25 mil metros quadrados de gramado. “Eu acho que vai ajudar bastante porque diminui o tempo que a gente gasta para fazer essas manutenções, em poda da grama, e a gente pode usar esse tempo para outras atividades, como cuidar do paisagismo, de outras plantas”, opinou.
Agora o próximo passo é firmar parcerias com os produtores para que as plantas cheguem ao consumidor. “Nós vamos passar gradualmente a fazer contato com as associações de produtores de gramas, que vão produzir as mudas, de forma que, no comércio, eu acredito que no segundo semestre de 2017 esses materiais vão estar disponíveis para compra”, estimou Souza. (Fonte: G1)