Gorila dos EUA imita sons e gestos da tosse e de assoar o nariz

Pesquisadores dos Estados Unidos observaram padrões de controle voluntário de vocalização em uma gorila fêmea e afirmam, em estudo, que a base evolutiva para a capacidade humana de falar estava presente, pelo menos, no último ancestral comum dos humanos com os gorilas, a cerca de 10 milhões de anos.

O estudo foi feito a partir da análise de 71 horas de vídeos da gorila fêmea Koko, que vive há mais de 40 anos na The Gorilla Foundation, na Califórnia, interagindo com humanos.

Os pesquisadores Marcus Perlman, da Universidade Wisconsin-Madison, e Nathaniel Clark, da Universidade da Califórnia, encontraram exemplos repetidos de nove comportamentos voluntários da gorila que exigiam controle sobre a vocalização e a respiração. Tratam-se de comportamentos aprendidos, diferentes daqueles típicos do repertório do animal, segundo o estudo publicado em julho no jornal “Animal Cognition”.

Nos vídeos divulgados pela Universidade Wisconsin-Madison, é possível ver a gorila fazendo três exemplos desses comportamentos de acordo com os comandos de uma pesquisadora. Em um deles, Koko reproduz som parecido com a tosse humana, colocando a mão na boca. Em outro, “assoa” o nariz com um papel. No terceiro, assopra uma flauta com intensidade.

Perlman começou a estudar o comportamento dos gorilas em 2010, quando visitou Koko pela primeira vez. Ele foi com a intenção de estudar os gestos do animal, mas chegando lá ficou impressionado com comandos vocais que ele era capaz de exercer voluntariamente.

Segundo o pesquisador, o comportamento vocal e de respiração do animal foi adquirido com o tempo, o que não se acreditava que seria possível. Considera-se que o repertório de cada espécie de macaco seja fixo e que os animais não têm a habilidade de aprender a emitir novos sons.

Os sons produzidos por Koko não são “bonitos” e “periódicos” como os dos humanos, afirma Perlman, mas a fêmea consegue controlar sua laringe para produzir um som controlado. Isso mostra o potencial de os macacos desenvolverem controle sobre o trato vocal em ambientes adequados.

Os orangotangos também demonstraram comportamentos impressionantes relacionados à vocalização e respiração, segundo Perlman. (Fonte: G1)