Críticos à doutrina imperante sobre o aquecimento global, alguns jornalistas e cientistas reivindicam seu direito de discordar, algo que não encontrará muito espaço em Paris durante a Cúpula do Clima (COP21).
“Há um discurso oficial, uma doutrina, um credo. Quem não está de acordo não é bem-vindo”, declarou à Agência Efe Rémy Prudhomme, professor emérito de Economia da Universidade de Paris-Est Créteil e autor de vários livros críticos ao que ele denomina como “ditadura do aquecimento”.
Prudhomme centra suas críticas em duas frentes: por um lado, “a impossibilidade de discordar, que é contrária ao avanço científico e à liberdade de expressão”, e, por outro, a “fraqueza dos estudos oficiais que, mais que buscar uma verdade científica, perseguem um consenso político”.
O alvo principal de seus ataques são as conclusões do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), o “evangelho” que vai reger todas as decisões da COP21.
“Há cientistas de muito peso que trabalham em seus relatórios, mas as conclusões estão traduzidas e interpretadas por diplomatas, que negociam cada linha”, considerou.
Prudhomme não prevê nenhum grande avanço na Cúpula do Clima e, segundo ele, “será melhor assim”.
“Atualmente a ciência não sabe o suficiente para conhecer as causas das variações do clima, que se medem em milhões de anos. Não acredito que seja bom tomar decisões sobre uma base tão pouco sólida”, ponderou.
Sobretudo porque, como indica, “as conclusões que pedem os países mais ricos faria com que se impeça o desenvolvimento dos mais pobres que estavam começando a despertar”.
Outros vão mais longe, como fez recentemente o homem do tempo da emissora pública “France 2”, Philippe Verdier, que declarou que a mudança climática tem “efeitos positivos”.
“Quando temos um inverno como o de 2014, isso se traduz (na França) em 18.000 mortos a menos porque não houve epidemia de gripe. Além disso, há um efeito positivo no turismo e na diminuição do consumo de energia”, escreveu em seu livro “Climat Investigation”, transformado em símbolo dos opositores à doutrina imperante.
Verdier foi demitido pela publicação desse livro, um exemplo “do perigo de opor-se ao dogma”, segundo Prudhomme.
Transformado em uma estrela na emissora, Verdier não hesita em apresentar-se como um “mártir” sacrificado, segundo sua opinião, no altar de uma França que não quer que nada perturbe a Cúpula do Clima.
Verdier escreveu uma dura carta ao presidente francês, François Hollande, na qual lhe acusava de “simular” que a COP21 serve para algo e que, por cálculo político, aprova com sua organização “os cientistas ultrapolitizados do IPCC, os grupos de pressão empresariais, as ONGs ambientais, os chefes religiosos autoproclamados apóstolos do clima”.
O ex-homem do tempo, que cobriu como jornalista as duas últimas cúpulas do clima da ONU, também considera o IPCC “politizado”, além de alheio a ideias que não estão em linha com o que desqualifica como “o pensamento único”.
Uma dessas ideias foi desenvolvida pelo geofísico Vincent Courtillot, para quem as variações de temperatura têm mais a ver com a oscilação da atividade solar que com a emissão de gases do efeito estufa.
Algo similar pensa o professor de física da Universidade François Rabelais de Tours, François Gervais, para quem “o sol sai de um período de atividade intensa que durou 8.000 anos”, o que explica, em sua opinião, o aquecimento recente.
Fundador do Instituto Hayek, o cientista Drieu Godefridi considera que a doutrina do aquecimento é “a maior impostura intelectual da ciência moderna”, em virtude da qual “se mobilizaram mais capitais e energias” que nunca antes sobre uma base científica. (Fonte: Terra)