O Conselho de Secretários Municipais de Saúde de São Paulo propôs na quinta-feira (17) a criação de uma sala de situação para enfrentamento da proliferação do mosquito Aedes aegypti no estado. Segundo o conselho, a medida pode contribuir para uniformizar a divulgação de dados sobre dengue, chikungunya e zika, além de contribuir para a discussão das dificuldades orçamentárias dos municípios para ações de combate. O estado teve mais de 700 mil casos de dengue neste ano.
“A sala de situação seria, de fato, uma ferramenta muito poderosa, no sentido de permitir a interação de todos os entes federativos e a uniformização dessas informações de vigilância”, disse o presidente do conselho, Stênio Miranda, que é secretário de Saúde de Ribeirão Preto. Miranda ressaltou que esse tipo de informação é repassado pelas prefeituras ao governo estadual, que então as encaminha ao governo federal e, por isso, às vezes, há desencontro na divulgação dos dados.
“O que dá credibilidade para enfrentamento de uma situação de saúde pública é sempre ser muito transparente na informação, dar uma informação precisa para a população”, afirmou o secretário municipal de Saúde de São Paulo, Alexandre Padilha. Ele disse acreditar que um espaço de discussão e planejamento conjunto entre prefeituras, governo estadual e governo federal representará um salto qualitativo na organização das ações de combate à doenças transmitidas pelo Aedes aegypti.
Miranda lembrou ainda que a capacidade de investimento dos municípios é limitada para o tamanho do problema. “A responsabilidade é compartilhada entre entes federativos, mas, dentro disso, há uma distorção, que já vem de muitos anos. Os municípios, que são responsáveis pelas ações e procedimentos, têm baixo poder arrecadatório”, destacou Miranda, informando que as administrações municipais de São Paulo investem, em média, 24,5%, quando o mínimo constitucional é 15% da receita líquida.
Microcefalia – Nesta semana, a Secretaria de Estado da Saúde informou que seis casos são investigados em São Paulo como suspeita de microcefalia associada ao vírus Zika, em bebês nascidos nas cidades de São Paulo, Campinas, Guarulhos, Mogi-Guaçu, Ribeirão Preto, São Paulo e Sumaré. A gestante da capital paulista tem histórico de viagem ao Nordeste, tendo chegado a São Paulo com 37 semanas de gravidez. Os demais casos são tratados como autóctones, ou seja, foram contraídos no território paulista.
Os secretários destacaram, no entanto, que o maior problema agora no estado é a disseminação da dengue. Padilha lembrou que, embora o zika tenha causado maior temor por causa da associação com a microcefalia, a circulação do vírus ainda é baixa no estado. “A dengue é potencialmente grave para gestantes. Temos relatos de óbitos e também de perda do bebê por conta da gravidade da doença. A dengue, por si só, já é um fator para que se redobre a preocupação e as gestantes redobrem cuidados.” (Fonte: Agência Brasil)