Quem vê Willian Goés Queiros andando a cavalo pelo pasto não imagina que há três meses ele nem mesmo conseguia se levantar da cama. Durante a aula, em setembro, o menino de 8 sentiu fortes dores pelo corpo e acabou sendo internado. Inicialmente a equipe médica pensou que ele estivesse com Chikungunya e decidiu coletar amostras de sangue para enviar a Belém (PA). Na segunda-feira (28), três meses depois da coleta, o resultado deu positivo para zika, o primeiro caso do estado. “Três meses esperando. Na época que ele passou mal, nenhum remédio cortava as dores”, diz a mãe do garoto, Simone Goés Queiroz.
De acordo com a Agência Estadual de Vigilância em Saúde (Agevisa), Willian é o primeiro caso do zika vírus confirmado em Rondônia. A família, que mora em Vilhena (RO), recebeu a notícia na segunda, enquanto passam as férias na casa da tia do garoto, em Ji-Paraná (RO), região central do estado.
Em entrevista ao G1, o garoto relembrou quando os primeiros sintomas da doença apareceram pelo corpo. “Eu senti uma dor muito forte na barriga. Estava fazendo prova. Falei com a professora e ela disse que era para eu terminar. Consegui terminar a prova, mas minha cabeça já estava doendo muito. Fui para direção e eles me liberaram para ir para casa”, relembra William.
A mãe do garoto, Simone Goés Queiroz, conta que o filho mal conseguia pedalar quando chegou em casa. “Quando deu a noite ele estava queimando em febre e tinha manchas vermelhas na barriga e costas. A parte branca dos olhos já estava toda muito vermelha, daí procurei um médico”, conta a mãe.
No dia seguinte o garoto não conseguia andar sem se segurar em alguma coisa. “Quando voltamos ao hospital, precisamos de uma cadeira de rodas para levá-lo do carro para o hospital, de tão debilitado que ele estava”, conta a mãe.
Segundo a mãe, a semana seguinte foi ainda mais angustiante para a família, pois os médicos não descobriram a doença. “O médico estava muito preocupado com toda a situação. Tínhamos que ir todos os dias ao hospital”, relembra Simone.
Sem reação – Como o menino não reagia a nenhum medicamento, a equipe médica decidiu aplicar um antibiótico muito forte. “Nenhum remédio cortava a febre, que chegou passar os 39°C. O remédio era tão forte que o ele nos pediu para interná-lo, para caso houvesse alguma reação contrária”, conta.
Depois de tomar o remédio, ainda em Vilhena, o garoto já apresentou sinais de melhora. A febre baixou e as manchas vermelhas começaram a sumir. No dia seguinte, o garoto já conseguia se levantar. Logo depois, a mãe e a criança seguiram viagem para Porto Velho para continuar sendo medicado.
O vírus da dengue foi confirmado no menino, mas por causa do quadro clínico de William, o médico e a mãe desconfiavam de outra doença. Segundo Simone, a primeira suspeita do médico foi o vírus da chikungunya. “Como os sintomas são bem parecidos, colhemos amostras e mandamos para fazerem os exames”, conta a mãe. O resultado só chegou mais de mês depois, sendo negativo para o chikungunya. Já um segundo exame foi positivo para o zika vírus.
“Foram três meses esperando uma resposta, que nós não sabíamos se seria positiva ou não. Agora eu estou preocupada, mas antes, eu estava preocupada em não conseguir descobrir o que ele tinha”, justifica a mãe.
Embora hoje o menino já está bem, a família entrou em contato com o médico e Willian deve voltar a Vilhena na quarta (30) para saber se será necessário ou não tratamento. O garoto também deve passar por novos exames.
Prevenção – Em virtude do primeiro caso de zika vírus no estado, confirmado em Vilhena, a diretora-geral da Agência Estadual de Vigilância em Saúde (Agevisa), Arlete Baldez, veio ao município nesta terça-feira (30), para uma reunião com autoridades sanitárias do município. O objetivo do encontro é elaborar um plano de contenção ao mosquito Aedes aegypti, transmissor da doença.
De acordo com o técnico em vigilância e saúde da Divisão de Epidemiologia do município, Paulo Cremasco, a partir da suspeita da doença, uma ação de prevenção já foi realizada na região. “A equipe técnica fez uma varredura na residência e arredores, no intuito de eliminar a transmissibilidade da doença. Atacamos o mosquito adulto com fumacê e eliminamos os possíveis focos do mosquito nas redondezas”, explica. (Fonte: G1)