Um novo método para tornar mosquitos machos inférteis por radiação nuclear poderia ajudar a reduzir as populações do Aedes aegypti, mosquito transmissor de zika, dengue e chikungunya, disse a agência de energia atômica da Organização das Nações Unidas nesta terça-feira (2).
Especialistas da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), que tem sede em Viena, vão se encontrar com autoridades brasileiras em 16 de fevereiro para discutir como melhor implementar a chamada Técnica do Inseto Estéril no país que é sede da Olimpíada de 2016.
“Se o Brasil soltar um grande número de machos estéreis, levaria poucos meses para reduzir a população, mas isso tem que ser combinado com outros métodos”, afirmou o vice-diretor-geral da AIEA, Aldo Malavasi, à imprensa.
Além da técnica, o alastramento do vírus zika, que a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou uma emergência de saúde pública internacional, poderia ser enfrentado por esforços sanitários mais intensos, o uso de inseticidas ou armadilhas.
Entenda a técnica – A técnica, adaptada de métodos antigos usados para reduzir as populações de outros insetos, como a mosca-das-frutas, envolve expor os machos do mosquito Aedes aegypti a raios-X ou gama para tornar o esperma estéril.
Esses mosquitos machos criados em laboratório poderiam então ser soltos para cruzar com as fêmeas da espécie que, então, levariam ovos que nunca se desenvolveriam, reduzindo assim o número de insetos numa determinada área sem matar animais ou usar químicos.
“É planejamento familiar para insetos”, disse Jorge Hendrichs, chefe do setor de controle de pestes e insetos da AIEA, que oferece o conhecimento tecnológico para países membros interessados de forma gratuita para que eles possam planejar e gerir os seus próprios programas.
Uma geração de mosquitos machos estéreis leva cerca de um mês para ser produzida. Eles devem superar a quantidade dos mosquitos machos nativos em 10 ou 20 vezes para deixar uma marca na população do inseto.
Isso requer milhões de machos, tornando o método mais apto para vilas ou cidades do que para metrópoles, disse Malavasi.
Em testes durante vários meses na Itália, a técnica ajudou a cortar populações de mosquito em cerca de 80 por cento, e na China o sucesso chegou a 100 por cento, segundo Konstantinos Bourtzis, do laboratório de controle de insetos e pestes da AIEA.
Além do Brasil, outros países como México, Guatemala, El Salvador e Indonésia também requisitaram a tecnologia da AIEA.
Outros mosquitos modificados – Já existem outras técnicas em teste no Brasil que têm o objetivo de modificar o Aedes aegypti para diminuir a população total dos mosquitos ou para torná-los incapazes de transmitir doenças. É o caso dos mosquitos geneticamente modificados produzidos pela empresa Oxitec e dos mosquitos com bactéria Wolbachia pesquisados pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). (Fonte: G1)