Identificado pela primeira vez no Brasil em abril de 2015, o vírus da zika tem um poder de disseminação muito maior que o vírus da dengue, segundo o vice-presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Rodrigo Stabile.
“Se a gente comparar os índices de espalhamento das duas doença, vê que o que o vírus da zika se espalha muito rapidamente”, disse Stabile nesta segunda-feira (8), em Ribeirão Preto (SP), cidade que possui mais de 800 casos suspeitos da zika em 2016 e que vive epidemia de dengue.
A comparação feita pelo pesquisador é baseada no tempo de propagação de epidemias desse tipo de doença no território brasileiro.
“A gente teve a primeira epidemia de dengue no Rio de Janeiro e a gente levou um ciclo de 5 anos para poder atingir todo o país, e vemos o vírus da zika atingindo o mesmo patamar em menos de um ano”, afirmou.
De acordo com o vice-presidente da Fiocruz, um dos motivos para a disseminação mais rápida da doença é a fácil adaptação do vírus.
“É bastante adaptado ao ser humano e um vírus bastante adaptado ao seu vetor de transmissão, o Aedes aegypti, mostrando que ele se transmite de forma rápida”, disse Stabile.
Na sexta-feira (5), a Fiocruz anunciou que que o vírus da zika foi encontrado de forma ativa na urina e na saliva de pacientes com sintomas compatíveis ao da doença. Isso comprova a atividade viral, segundo os cientistas. Ainda assim, pesquisas aprofundadas serão necessárias para comprovar se necessariamente haverá infecção através de fluidos.
O vírus da zika foi identificado pela primeira vez no Brasil em abril do ano passado e o surto da doença atingiu pelo menos 20 estados brasileiros e já chegou a 23 países. A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou no final de janeiro que a propagação ‘explosiva’ pode levar o vírus da zika a 4 milhões de casos nas Américas.
Imunidade ao vírus – Ainda de acordo com Stabile, pesquisas são feitas para identificar também a possível imunidade ao vírus em pacientes que já tiveram contato com a doença e que não desenvolveriam os sintomas novamente.
“Nós estamos vendo que no Brasil existe apenas um sorotipo do vírus da zika, ou seja, teoricamente quem pegou uma vez não pega mais o vírus, mas nós não podemos ainda afirmar porque é um vírus bastante novo, nós não temos dados ainda na literatura que possam mostrar essa imunidade do vírus”, disse. (Fonte: G1)