A Universidade de São Paulo (USP) informou que 80 pesquisas, entre elas algumas que estudam o vírus da Zika e da febre Chikungunya, foram prejudicadas após o incêndio que destruiu um dos laboratórios do Centro de Criação de Camundongos Especiais da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (SP).
Apesar de nenhum animal ter ficado ferido, o pesquisador João Santana da Silva explicou que a fumaça e a circulação de bombeiros no prédio, sem os cuidados sanitários específicos, podem ter contaminado os camundongos. Por isso, alguns estudos precisarão ser suspensos.
“Não houve prejuízo para eles, no sentido que eles não foram queimados, mas o bombeiro entrou, quebrou as barreiras para que não entre micro-organismos, ou seja, os animais foram infectados. Então, eles se tornaram um animal comum”, disse.
Considerado um dos mais importantes do país, o Centro de Criação de Camundongos é dividido em seis laboratórios e abriga cerca de 3 mil cobaias, que são usadas em estudos da própria USP e de pesquisadores de outras universidades brasileiras.
“A gente trabalha com muitos animais para estudar resposta inflamatória, por exemplo, e nela se encontra uma série de doenças, incluindo as que o pessoal está bem familiarizado: dengue, zika vírus, chikungunya, doença de chagas, leishmaniose, cisticercose, todas igualmente importantes”, afirmou.
Santana explicou que o fogo teve início na sala de preparação, isolada do ambiente onde estão os viveiros dos animais. Um dos funcionários viu a fumaça e acionou a brigada de incêndio da Universidade, que controlou as chamas até a chegada do Corpo de Bombeiros.
Ainda de acordo com o pesquisador, novas linhagens de animais precisarão ser criadas em laboratório para que os estudos suspensos possam ser retomados, o que vai atrasar projetos de pesquisa, inclusive aqueles financiados por agências.
“Nós vamos ter uma descontinuidade das pesquisas que estávamos fazendo. Teremos um prejuízo de tempo. Nesses meses, o pessoal pode continuar fazendo experimento in vitro, mas os experimentos que dependiam daqueles animais ficarão suspensos”, disse Santana.
Causas – As causas do incêndio ainda são investigadas, mas o supervisor da guarda universitária, Adilson de Lima Biagi, afirmou que uma pane elétrica pode ter iniciado as chamas, que se propagaram rapidamente devido à serragem usada no manejo dos animais.
“O local tem muita maravalha, que são raspagens de madeira comuns em centros de criações. A causa ainda está sendo apurada, mas tudo indica que tenha sido uma pane elétrica que misturou com a serragem, dando início ao incêndio”, afirmou. (Fonte: G1)