O ESO (Observatório Europeu do Sul) anunciou nesta sexta-feira (29) a descoberta de um cometa “único” que está congelado há bilhões de anos, e por isso sua composição poderia fornecer pistas sobre a origem do Sistema Solar.
O cometa denominado C/2014 S3 (PANSTARRS) se formou no interior do Sistema Solar, junto com a Terra, mas foi expulso em uma fase muito antecipada para além de Netuno, onde permaneceu “profundamente congelado” na denominada Nuvem de Oort.
“Este é o primeiro asteroide ‘em estado cru’ que conseguimos observar: foi conservado no melhor congelador que existe”, afirmou Karen Meech, responsável pela pesquisa e membro do Instituto de Astronomia da Universidade do Havaí.
A cientista explica em artigo publicado na revista especializada Science Advances que captaram pela primeira vez sua existência através do telescópio Pan-STARRS1.
O objeto chamou a atenção da pesquisadora, por não ter a típica cauda longa própria dos cometas que traçam maiores órbitas (a atual deste cometa é de 860 anos) quando começam a se aproximar do Sol.
Pela falta desta característica, os astrônomos decidiram então batizar o objeto de Manx, em referência a uma raça de gatos sem cauda.
Posteriormente, graças ao uso do telescópio VLT – instalado no Chile -, descobriram que o C/2014 S3 era rochoso, em vez de gelado, outra característica “incomum” para um cometa situado nos confins do Sistema Solar.
A composição descoberta no corpo único estudado é típica dos cometas do cinturão de asteroides entre Marte e Júpiter, os chamados de tipo S, o que, de acordo com os especialistas, indica que está em uma órbita próxima ao Sol há relativamente pouco tempo.
Uma análise mais detalhada da luz refletida por este cometa mostrou que seus componentes, graças às baixas temperaturas, sofreram muito pouco processamento e oferecem uma janela para a origem do Sistema Solar.
“Descobrimos o primeiro cometa rochoso e estamos procurando outros”, explicou Olivier Hainaut, coautor do estudo, que espera encontrar mais cometas parecidos para conhecer melhor como o Sistema Solar foi se formando.
“Dependendo de quantos encontremos, saberemos se os planetas gigantes dançaram por todo o Sistema Solar quando eram jovens, ou se cresceram tranquilamente sem se movimentar muito”, afirmou Hainaut. (Fonte: UOL)