A maré vermelha que há dois meses contamina a costa do sul do Chile e que provocou a morte de milhares de animais de diferentes espécies marinhas está desaparecendo – de acordo com um estudo realizado por um grupo de cientistas e divulgado pela Marinha chilena nesta segunda-feira (30).
A pesquisa começou na quinta-feira passada a bordo de um barco da Marinha chilena, no qual os cientistas percorreram a costa da região de Los Lagos e da ilha de Chiloé, mais de 1.000 km ao sul de Santiago.
“Podemos concluir, a meu ver, que o fenômeno da maré vermelha está recuando, após as primeiras análises das amostras retiradas do mar na zona de Chiloé”, afirmou Laura Farías, membro da equipe de 14 cientistas formada pelo governo para pesquisar o fenômeno.
Os pesquisadores coletaram amostras em 15 pontos do litoral para estimar a abundância e distribuição das algas.
A maré vermelha é um fenômeno natural que consiste na proliferação de microalgas tóxicas que são consumidas por moluscos. Sua redução atual estaria relacionada ao recuo do fenômeno El Niño, que já foi associado por estudos ao encalhe de peixes no litoral chileno, segundo Farías.
Diante da maré vermelha, o governo emitiu um alerta sanitário em duas regiões do sul do país, por meio do qual proibiu a extração e o consumo de frutos do mar. A medida gerou protestos de pescadores locais, que bloquearam as rotas de acesso à ilha de Chiloé por quase três semanas.
Os pescadores alegam que a maré vermelha ocorreu devido à inserção de salmões contaminados no mar, teoria que foi rejeitada pela indústria local.
Reflexo no Brasil – A morte de milhões de peixes na costa chilena, entre fevereiro e março, foi a grande causa da elevação dos preços no Brasil e da queda na oferta mundial do produto. O Chile é o principal fornecedor para o país e não há opções viáveis para substituir o importador, segundo o presidente da Andip (Associação Nacional dos Distribuidores e Importadores de Pescados), Ivan Lásaro.
“O mercado de salmão no Brasil tem uma dependência do Chile pela proximidade e pelo custo no transporte e tributos. O outro fornecedor possível, a Noruega, tem um imposto de 10% de importação, além de frete aéreo, que torna o processo praticamente inviável”, explica Lásaro. (Fonte: G1)