Uma cervejaria do estado americano da Flórida criou aros comestíveis para suas embalagens de seis latas, com o objetivo de evitar a imagem dramática de peixes mortos e tartarugas deformadas por terem cruzado com aros de plástico no mar.
Grande parte dos aros plásticos que mantém unidas as latas de refrigerantes, cerveja e outras bebidas acabam nos oceanos e ameaçam seriamente a fauna marina, porque bloqueiam o aparelho digestivo dos animais ou se enrolam no seu corpo.
Saltwater Brewery, uma pequena cervejaria artesanal em Delray Beach, criou os aros de cerveja comestíveis com a esperança de que o resto da indústria siga seu exemplo.
Estes aros comestíveis “em vez de matar os animais, os alimenta”, afirmou na terça-feira à AFP Katelyn Perkins, porta-voz da Saltwater Brewery.
Idealizados para satisfazer o público alvo da cervejaria – surfistas e pescadores -, os aros comestíveis são fabricados com os restos de trigo e cevada que sobram da produção da cerveja.
“Ao utilizar produtos derivados”, disse Perkins, “este modelo de embalagem vai além da reciclagem e busca reduzir a zero os resíduos”.
Mas a proposta, embora seja elogiável, está longe de ser uma solução, alertou Nicholas Mallos, diretor do programa de mares limpos da Ocean Conservancy, uma organização protetora dos oceanos sediada em Washington.
“Precisamos de um enfoque holístico que inclua minimizar os resíduos plásticos, gestionar melhor o lixo plástico e mitigar a contaminação”, disse Mallos à AFP.
O ideal é que o lixo não chegue aos oceanos, mas no caso de que chegue, “este material novo de embalagem é uma defesa”, completou.
De acordo com Mallos, “não se pode dizer com certeza qual é o impacto ecológico específico dos aros plásticos nos animais marinhos, mas mais de 690 espécies são afetadas pela contaminação de plásticos no oceano”.
Os americanos consomem quase 24 bilhões de litros de cerveja por ano, 50% deles em latas, segundo a Saltwater Brewery.
A empresa afirma que começou a produzir os aros comestíveis em abril, quando fabricou 500 protótipos. O próximo passo é a fabricação de máquinas que lhes permitam produzir 400.000 aros comestíveis por mês a partir de outubro deste ano. (Fonte: UOL)