A mineradora Samarco, cujas donas são a Vale e a BHP Billiton foi flagrada desmatando um trecho de mata atlântica na região de Bento Rodrigues onde houve o rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, na Região Central de Minas Gerais. A denúncia foi feita por donos de propriedades rurais, vizinhos das barragens.
A Polícia Militar de Meio Ambiente constatou que a Samarco desmatou uma área de um quilômetro e trezentos metros quadrados de mata atlântica. Boa parte da madeira já estava cortada e amontoada à beira de um barranco.
Além disso, os policiais verificaram que um trecho do córrego Santarém tinha sido aterrado. A obra da Samarco foi embargada. A mineradora também é acusada de invadir propriedade privada.
Na região onde foram constatadas as irregularidades, a mineradora começou a construir um dique, que seria usado para conter o vazamento de rejeitos de minério que ficaram na região após o rompimento. Segundo o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), a empresa não tem licença pra fazer o dique.
A construção também é considerada uma ameaça para o meio ambiente e para o patrimônio cultural, na região de Bento Rodrigues. Já existe um tombamento provisório do distrito por causa de ruínas do século XVIII. O novo dique pode provocar a inundação de parte da área do vilarejo.
“É uma inversão de valores. É uma destruição causada pela empresa de num patrimônio que não é dela e que depois ela se apropria como se fosse gestora. Essa tragédia tem que ser um marco na história de Minas Gerais. Não para acabar com a mineração, mas, para acabar com a mineração irresponsável e para acabar com a afronta com o poder constituído. Porque é isso que nós estamos presenciando já há quase sete meses no caso da Samarco”, disse o promotor Marcos Paulo de Souza Miranda.
A Samarco declarou que não foi notificada sobre o embargo e que a obras na região já estavam paradas. A mineradora afirmou ainda que a construção do dique é fundamental para a recuperação do Rio Doce.
Tragédia – Em 5 de novembro, o rompimento da barragem de Fundão, que pertence à mineradora Samarco, cujas donas são a Vale e a BHP Billiton, afetou distritos de Mariana, além do leito do Rio Doce. Os rejeitos atingiram mais de 40 cidades de Minas Gerais e no Espírito Santo e chegou ao mar. O desastre ambiental é considerado o maior e sem precedentes no Brasil. Dezenove pessoas morreram. (Fonte: G1)