Cientistas encontraram o que acreditam ser o mais velho fóssil do planeta, uma forma de vida de 3.7 bilhões de anos atrás, quando os céus da Terra eram laranja e seus oceanos verdes.
Em uma parte recém-derretida da Groenlândia, cientistas australianos encontraram a estrutura abandonada de uma comunidade de micróbios que viveu em um antigo fundo do mar, de acordo com um estudo publicado na quarta (30) pela revista Nature.
A descoberta mostra que a vida pode ter se formado mais rápida e facilmente do que se supunha, cerca de meio bilhão de anos após a Terra se formar. E isso também pode oferecer esperanças de vida se formando em outros lugares, como Marte, diz o coautor do estudo Martin VanKranendonk, da Univesidade de New South Wales e diretor do Centro Australiano de Astrobiologia.
“Isso nos dá uma ideia de como nosso planeta evoluiu e de como a vida ganhou sua base de apoio”, disse VanKranendonk.
Cientistas pensavam que teria levado ao menos meio bilhão de anos para a vida surgir após a Terra fundida ter começado a esfriar um pouco, mas isso mostra que a ação pode ter acontecido mais rapidamente, ele disse. Isso porque o fóssil recém-encontrado é complexo demais para ter se desenvolvido pouco depois das primeiras formas de vida do planeta, acrescentou.
Em uma formação de rochas que costumava ser coberta por gelo e neve, derretidos após uma primavera excepcionalmente quente, a equipe australiana encontrou estromatólitos, que são complexas estruturas microscópicas em camadas que muitas vezes são produzidas por uma comunidade de micróbios. Os estromatólitos têm cerca de 1 a 4 centímetros.
É como “uma casa deixada para trás pelos micróbios”, disse VanKranendonk.
Cientistas usaram as camadas de cinza de vulcões e minúsculos cristais de zircão com urânio e chumbo para data-los em cerca de 3.7 bilhões de anos atrás, usando um método de datação padrão, disse VanKranendonk.
“Seria um mundo bem diferente. Ele teria tido continentes negros, um oceano verde e céus alaranjados”, disse. O solo era provavelmente negro porque a lava derretida não tinha plantas, enquanto grandes quantidades de ferro deixariam os oceanos verdes. Como a atmosfera tinha pouco oxigênio e o oxigênio é o que torna o céu azul, sua cor predominante seria o laranja, explicou.
A datação parece correta, disse Abigail Allwood, uma astrobiologista da Nasa que encontrou o fóssil mais antigo anterior, de 3.48 bilhões de anos atrás, na Austrália. Mas Allwood disse que não está completamente convencida de que aquilo que a equipe de VanKranendonk encontrou tenha sido vivo algum dia. Ela disse que as evidências não são conclusivas suficientes de que era algo vivo e não um equívoco geológico.
“Seria ótimo ter mais evidências, mas com essas rochas isso é pedir demais”, escreveu Allwood por email. (Fonte: G1)