O Brasil deve cumprir com folga as metas de redução das emissões de gases de efeito estufa para 2020 com base no ritmo atual de redução das emissões, segundo relatório do coletivo de ONGs Observatório do Clima divulgado na terça-feira (6). De acordo com a análise, o país poderia ter metas climáticas muito mais ambiciosas para 2030.
A meta determinada para 2020 seria reduzir no mínimo 36,1% de emissões em relação ao que emitiria caso nenhuma ação fosse tomada, o que corresponderia a uma emissão de cerca de 2 gigatoneladas de CO2. De acordo com o relatório, a emissão líquida projetada para 2020 é de 1,5 gigatoneladas de CO2, cumprindo com folga o objetivo.
A análise é baseada em dados do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG), do Observatório do Clima.
Além da meta – O Brasil apresentou suas metas climáticas à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) em setembro de 2015. Essas metas – chamadas Contribuições Nacionalmente Determinadas Pretendidas (INDC, na sigla em inglês) – consistem em reduzir as emissões de gases no Brasil em 43% até 2030, tendo como base o ano de 2005.
A meta foi baseada nos dados de emissão de 2005 disponíveis até então. Porém, posteriormente, houve uma revisão desses dados, mostrando que as emissões desse ano foram maiores do que se imaginava.
A questão que o Observatório do Clima propõe é: diante dessa revisão, o governo manterá a meta em porcentagem, o que resultaria em emissões muito maiores em 2030, ou se comprometeria com a meta em valor absoluto, ou seja, não ultrapassar uma emissão anual de 1,2 gigatoneladas em 2030?
Segundo a organização, seria possível não só manter o compromisso em valor absoluto, mas ir além chegando a uma emissão de 1 gigatonelada de CO2 em 2030.
O Acordo de Paris, assinado por 195 países que fazem parte da UNFCCC, determinou como objetivo limitar aumento da temperatura global a níveis bem abaixo de 2ºC, esforçando-se para não passar de 1,5ºC em relação a níveis pré-industriais.
Dados de emissão – Segundo o relatório, entre 1990 e 2014, as emissões de gases de efeito estufa no Brasil passaram de 1,62 para 1,85 gigatoneladas de CO2, tendo atingido um pico em 2004, quando houve emissão de 3,8 gigatoneladas de CO2.
A principal fonte de emissão de gases de efeito estufa continuam sendo as mudanças de uso da terra — principalmente o desmatamento da Amazônia.
Segundo o relatório, quando considerados somente agropecuária, energia, processos industriais e resíduos, pode-se observar um crescimento consistente das emissões por esses setores desde 1970 até 2014.
O pico de emissões em 2004 e a posterior redução de emissões devem-se, portanto, às variações em relação ao desmatamento.
No período de 1990 a 2014, as emissões por energia e resíduos apresentaram aumento de mais de 150%, processos industriais tiveram aumento de 96% e o setor agropecuário, de 47%.
Estados – São Paulo e Minas Gerais são os principais emissores do país quando não se leva em conta as emissões por desmatamento, seguidos por Rio Grande do Sul. Quando as emissões por desmatamento são consideradas, Pará ficou em primeiro lugar em emissões em 2014, seguido por Minas Gerais e Mato Grosso. (Fonte: G1)