Durante toda esta semana (21 a 25/11) acontece, em Brasília, a oficina de elaboração do Plano Nacional de Prevenção, Controle e Monitoramento do Javali (Sus scrofa) em estado asselvajado no Brasil. O javali é uma espécie exótica que causa desequilíbrio no meio ambiente e prejuízos às lavouras de pequenos agricultores. Sem predadores naturais, se reproduz rapidamente e logo desenvolve populações numerosas.
Os animais, importados pelo Brasil nos anos 1990 da Europa e do Canadá para criadouros no Rio Grande do Sul e São Paulo, foram soltos ou fugiram e têm se alastrado pelo país, chegando à Bahia e ao Tocantins. Atualmente, estão presentes em 13 estados brasileiros.
Segundo o diretor de Conservação da Biodiversidade do Ministério do Meio Ambiente, Ugo Eichler Vercillo, do ponto de vista ambiental, o javali ocupa nichos ecológicos de outras espécies, reduzindo a oferta de alimentos e aumentando a pressão sobre o habitat, ao pisotear plantas e nascentes de rios.
“Precisamos atuar de forma mais holística frente ao problema, para ter uma ação efetiva”, diz Ugo. O que fazer com as carcaças dos animais em grandes abates? Como atuar para controlar a espécie, evitar que se disperse ainda mais? Essas são algumas das perguntas que os participantes da oficina tentarão responder.
Manejo – Hoje, o manejo é feito por meio da caça, autorizada pela Instrução Normativa do Ibama 03/2013, que decerta a nocividade do javali e dispõe sobre o seu manejo e controle. Armadilhas são utilizadas na captura da vara inteira (o coletivo de javalis).
O coordenador geral de Inteligência e Estratégia do Ministério da Agricultura, Jorge Caetano, afirma que além de ser uma ameaça para a agricultura, o javali pode ser um vetor transmissor de doenças. “O material coletado de um javali tem uma importância epidemiológica muito grande, pois esses animais frequentam amplas áreas geográficas. O que se detecta em seu sangue corresponde a uma área considerável do território brasileiro”.
O coordenador geral de Fauna e Recursos Pesqueiros do Ibama, João Pessoa, explica que os “manejadores” (caçadores) são cadastrados no órgão e entregam relatórios trimestrais. “Essa oficina é importantíssima para definir as competências de cada ente. Javali não é um problema só ambiental”.
A oficina é organizada pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), suas vinculadas Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Participam representantes de órgãos federais e estaduais de meio ambiente e agricultura, exército e organizações não governamentais de defesa dos animais. (Fonte: MMA)