Uma engenheira e seis operários que trabalham na construção de uma usina hidrelétrica no Rio Teles Pires, na divisa de Mato Grosso com o Pará, são mantidos reféns dos índios da etnia Kayabi desde a quinta-feira (25), na aldeia Kururuzinho, próxima ao município de Alta Floresta, a 800 km de Cuiabá. Os indígenas reclamam da contaminação do rio após um vazamento de óleo na região.
O G1 tentou, mas até a publicação desta reportagem não conseguiu entrar em contato com a empresa responsável pela hidrelétrica.
A área onde a mancha de óleo foi localizada fica próxima a uma hidrelétrica em construção e de outras aldeias indígenas. As causas do vazamento e a origem do óleo ainda são desconhecidas. O Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama-MT) investiga.
Segundo o cacique Tawai Kaiabi, da aldeia Dinossauro, os índios estão revoltados com a poluição e atribuem o vazamento de óleo à construção da hidrelétrica em construção. “Sabemos que a culpa são deles e, por isso, estamos cobrando respostas”, disse Tawari.
Os indígenas pedem uma reunião com os ministros da Saúde e da Justiça para a liberação dos trabalhadores. De acordo com os indígenas, a contaminação alterou o modo de vida da aldeia. “Não podemos mais pescar por causa da contaminação, mas não temos muitas opções, então, continuamos consumindo peixes daqui”, afirmou Tawari.
Em um vídeo, o cacique relatou a dificuldade de encontrar peixes para o consumo. Em alguns pontos do rio, segundo ele, foram encontrados peixes, um boto e cágados mortos.
A água potável consumida pelos índios tem chegado de barco até as aldeias. Os galões de água mineral foram disponibilizados pela empresa responsável pela construção da hidrelétrica. A medida já era prevista e faz parte de um estudo de impacto ambiental feito pela empresa.
Mancha de óleo – De acordo com o Ibama, a mancha de óleo foi avista por equipes que faziam a fiscalização em áreas de desmatamento na região. Os sobrevoos foram feitos para saber a extensão da mancha de óleo. “Era uma mancha única e foi avistada até uns 5 km da barragem da usina”, disse César Soares, responsável pelo Núcleo de Emergência Ambientais do Ibama.
O órgão ainda investiga a origem do óleo. “Não sabemos se a mancha é proveniente da construção da usina ou se foi expelida de balsas garimpeiras da região”, afirmou Soares. A mancha, ainda segundo o Ibama, desapareceu na terça-feira (15). A Polícia Federal também deve apurar o caso.
Segundo a antropóloga Fernanda Silva, do Fórum Teles Pires, existem pelo menos 15 aldeias indígenas ao longo do rio. (Fonte: G1)