Começou nesta segunda-feira (12/12) o I Encontro de Mulheres da Amazônia, em Belém (PA), com o objetivo de discutir políticas públicas na perspectiva de gênero. O encontro foi organizado pela Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres (SEPM), do Ministério da Justiça, com a participação do Ministério do Meio Ambiente (MMA). O evento segue até amanhã, dia 13.
O encontro é uma oportunidade para 200 mulheres dos nove estados da Amazônia Legal debaterem a transversalidade e a equidade de gênero nas políticas públicas. A atividade extrativista como geração de renda aliada à conservação ambiental está no centro das discussões sobre o empoderamento feminino a partir da autonomia econômica.
“Falamos sobre a vida das mulheres que vivem nos territórios extrativistas, a partir da sua luta pelo território desde os tempos do Chico Mendes. Hoje, essas mulheres estão protegidas dentro das Reservas Extrativistas (Resex) em relação à disputa pelo território. Mas ainda há muitas que estão fora das RESEXs e vivem ameaçadas de morte”, explica a secretária de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentável do MMA, Juliana Simões.
Juliana está em Belém e moderou, na tarde desta segunda-feira, uma roda de conversa sobre o protagonismo das mulheres na geração de renda com conservação ambiental e boas práticas na promoção da autonomia econômica. Participaram da roda mulheres do Conselho Nacional Extrativista (CNS), da Comissão Nacional de Fortalecimento das Reservas Extrativistas (Confrem) e Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq), além de representantes da Natura e do Movimento de Mulheres das Ilhas de Belém (MMIB).
Renda – Produtos da sociobiodiversidade como coco de babaçu, açaí, castanha e outros são exemplos de geração de renda e autonomia na vida de mulheres extrativistas. Para Sandra Regina, da Confrem, políticas públicas como Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e a Política de Garantia de Preços Mínimos para os Produtos da Sociobiodiversidade (PGPM-Bio) são fundamentais na valorização e continuidade do trabalho extrativista. “Se não tivermos a cadeia produtiva valorizada não teremos renda. Nós não criamos, nós manejamos os produtos extrativistas preservando o meio ambiente”, destaca.
Sandra ressalta a importância de a mulher ter sua renda e seu dinheiro. “É uma questão de subsistência. Nós somos o esteio da casa, muitas não têm marido nem companheiro e sustentam suas famílias, mantendo o filho na escola, garantindo alimentação e vestuário”.
Violência – A ideia de realizar o evento surgiu a partir de levantamento feito pela SEPM, que detectou subnotificação de chamadas pelo disque denúncia 180 de crimes contra a mulher nos estados da Amazônia Legal. “Talvez elas tenham medo e menos acesso aos meios de comunicação para denunciar a violência contra a mulher”, analisa a secretária Juliana Simões. A partir desse dado, o órgão decidiu ampliar o leque de temas, para promover a integração das políticas públicas para o setor. (Fonte: MMA)