Os ministros das Finanças dos países do G20 tentam no sábado (18) impedir que os Estados Unidos provoquem o retrocesso da doutrina mundial sobre livre comércio e luta contra as mudanças climáticas.
A declaração final dos ministros das maiores economias do mundo e das grandes nações emergentes será divulgada na tarde deste sábado, ao término desta primeira reunião de importância para a nova administração de Donald Trump.
Há dois temas sensíveis: a doutrina de livre comércio do G20, quando Trump não é nada hostil ao protecionismo – palavra detestada no G20 – e a luta contra as mudanças climáticas, com um presidente americano que multiplicou posições próximas aos céticos sobre o papel do homem no aquecimento global.
Cada palavra deste comunicado é negociada e analisada, e na tarde deste sábado qualquer modificação no vocabulário liberal e pró-comércio do G20 será considerada como produto de um “efeito Donald Trump”.
“O projeto de comunicado está terminado, salvo a frase sobre o comércio (…), na qual se vê que há sobre o tema do respeito às regras no comércio internacional uma divergência entre os Estados Unidos e os demais países defensores do multilateralismo”, disse à AFP neste sábado uma fonte próxima às negociações.
A fórmula que será utilizada ainda não foi decidida. “Possivelmente não se dirá nada, ou talvez uma frase que resuma os pontos de acordo. Veremos”, disse esta fonte.
Discórdia – Nos demais temas recorrentes no G20, há consenso, como a luta contra a lavagem de dinheiro e o financiamento do terrorismo, assim como a luta contra a otimização fiscal, segundo várias fontes.
Uma fonte europeia admitiu que a delegação americana tem “vontade de negociar” e de não dar as costas ao G20. Os debates não são hostis, mas moderados, segundo várias fontes.
Outro ponto de discórdia é a luta contra as mudanças climáticas, tema mencionado no ano passado quando a China era presidente do G20.
Os Estados Unidos não querem que existam referências ao acordo de Paris de 2015. Na quinta-feira, a administração Trump apresentou um projeto de orçamento federal no qual são reduzidos os fundos dedicados à luta contra as mudanças climáticas.
Em Baden Baden, “não haverá nada no comunicado. Isso reflete as divergências. Os Estados Unidos dizem sobre este tema que a posição ainda não foi decidida em Washington, e que precisa de tempo”, resumiu a fonte.
Os temas alvo de discórdia podem ser deixados de lado nesta reunião, para uma cúpula de chefes de Estado e de governo do G20 de julho em Hamburgo.
A Alemanha, que preside neste ano o G20, quer evitar qualquer confronto que seja muito óbvio.
Mas a brecha entre as posições americanas e seus sócios parece evidente. Prova disso foi o frio encontro na sexta-feira em Washington entre Donald Trump e a chanceler alemã Angela Merkel, embora o presidente americano tenha negado que fosse “isolacionista”. (Fonte: G1)