Estudo traz evidência de que homem pode ter chegado à América muito antes do que se pensava

Um estudo publicado nesta quarta-feira (26) na revista “Nature” traz indícios da presença humana na América há 130 mil anos, muito tempo antes de quando se imaginava que o homem teria chegado ao continente.

O estudo pode abrir um novo capítulo na compreensão de quando e como os primeiros humanos chegaram ao nosso continente: a teoria mais aceita até o momento é a de que humanos migraram pelo estreito de Behring cerca de 15 mil anos atrás.

Cientistas descobriram fragmentos de ossos e dentes de 130 mil anos em um local na costa de San Diego, na Califórnia, nos Estados Unidos, que parecem ter sido processados por humanos. O local foi escavado na década de 1990, quando foram encontrados martelos e utensílios de pedra ao lado de fragmentos de ossos de um mastodonte, animal pré-histórico parecido com o elefante.

A análise dos fósseis indica que os ossos sofreram fraturas e foram quebrados com utensílios de pedra enquanto ainda estavam frescos. Além disso, os utensílios encontrados têm marcas de uso, indicando que os ossos de mastodonte teriam sido quebrados com esses utensílios naquele local.

Até o momento, não tinha sido possível datar os fósseis. Mas um método de datação por urânio foi capaz de determinar a idade dos fragmentos. Para os autores do estudo, o conjunto de achados indica que os ossos foram quebrados com pedras pesadas e martelos, com destreza característica de humanos, para construção de ferramentas ou extração do tutano há 130 mil anos, ou seja, 115 mil anos antes de quando se imaginava que o homem teria chegado ao continente.

“Os ossos e vários dentes mostram sinais claros de terem sido deliberadamente quebrados por humanos com destreza manual e conhecimento experimental”, afirmou o cientista Steve Holen, diretor de pesquisa no Centro para Pesquisa Paleolítica da América e principal autor do estudo. “Esse padrão de quebra também foi observado em fósseis de mamute em Kansas e Nebraska, onde explicações alternativas como forças geológicas ou mordidas de animais carnívoros foram descartadas.”

O pesquisador Tom Deméré, curador de paleontologia do Museu de História Natural de San Diego e um dos autores do estudo, conta que, desde que o local foi descoberto, havia fortes evidências que colocavam humanos ao lado de animais extintos da Era do Gelo. “Desde a descoberta original, a tecnologia de datação avançou de modo a nos permitir confirmar com mais certeza que humanos primitivos estavam aqui muito antes do que o que é comumente aceito.” (Fonte: G1)