O Distrito Federal completa 100 dias sem chuva nesta quarta (30), após registrar o menor índice de umidade do ano nessa terça-feira (29), com 9% no Gama. No Plano Piloto, a umidade do ar ficou em 12%. O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) disse ao G1 que a capital ainda deve enfrentar, pelo menos, duas semanas de seca intensa.
A medição de 9% indica estado de emergência, mas segundo a Defesa Civil, a situação somente poderá ser decretada depois de dois dias consecutivos abaixo de 12%. “Por enquanto, o DF permanece em estado de alerta, quando a umidade varia de 12% a 20%”, afirma a Defesa Civil.
A porcentagem considerada ideal pela Organização Mundial de Saúde (OMS) é de 60%. Mas a tendência no DF, segundo o meteorologista Mamedes Luiz Melo, é que a umidade se mantenha em níveis baixos até a segunda quinzena de setembro.
“O DF está batendo na porta do estado emergencial. E vai ficar ainda mais quente.”
Mamedes explicou ao G1 que a temperatura é inversamente proporcional aos índices de umidade. Por isso, nesta época do ano em que a seca chega ao ápice, os termômetros podem marcar até 32ºC de máxima e 12ºC de mínima, durante a noite.
“Como quase não há nuvens, o calor que a terra recebe durante o dia não fica retido e acaba se dissipando rapidamente para o espaço.”
Clima de deserto? – É comum ouvir do candango, nessa época do ano, que Brasília tem “clima de deserto”. No meio do cerrado, em uma região de planície e altitude elevada, a capital está mais próxima do clima desértico que das florestas tropicais. Mesmo assim, o meteorologista Mamedes diz a afirmativa é errada.
“No deserto, o dia amanhece com entre 5% e 3% e se mantém assim até a noite. Para nós esse pico de baixa ocorre só em um determinado horário.”
O período de menor umidade durante o dia é das 15h às 16h, segundo ele. “É quando o índice pode chegar a 10%.” A OMS recomenda que quando a umidade chega ao estado de alerta – entre 20% e 12% –, as pessoas devem evitar fazer exercícios físicos de alta intensidade e lugares com grandes aglomerações.
Pra driblar a seca – Para minimizar os efeitos da seca no organismo, a pneumologista Aída Alvim listou ao G1 algumas dicas imprescindíveis para a saúde. A primeira delas é aumentar o consumo de líquidos, não só água, mas suco natural, água de coco e chás gelados também.
“A indicação é aumentar aquela recomendação de beber 2 litros por dia dia.”
A hidratação também vale para a pele. Ela sugere a utilização de cremes corporais, manteiga de cacau para os lábios e colírio nos olhos.
“É bom evitar os banhos muito quentes e prolongados e o uso excessivo de sabonete também, porque isso retira a hidratação natural da pele.”
Como nesta época do ano o morador do DF costuma aproveitar o céu azul para fazer exercícios ao ar livre e tomar sol, a médica lembra da importância de passar filtro solar. No caso das atividades físicas, ela também recomenda priorizar horários antes das 10h e depois das 16h.
De pegar fogo – Com a umidade baixa e a incidência solar alta, o DF registrou 2.469 incêndios em áreas florestais somente no mês de agosto, segundo o Corpo de Bombeiros. O índice é 61,5% maior que o do mesmo período do ano passado.
Por conta disso, a Floresta Nacional amanheceu pegando fogo nesta segunda-feira (28). Os bombeiros deslocaram dois caminhões pipa e dez militares para fazer o combate às chamas, que foi das 14h à meia-noite.
Na terça (29), os militares retornaram para fazer uma ronda por volta das 10h e encontraram novos focos de incêndio. De acordo com eles, foram cerca de 250 hectares queimados – o equivalente a 250 campos de futebol.
O comandante do Grupo de Proteção Ambiental dos bombeiros, Glauber de La Fuente, disse à TV Globo que, além do dano à vegetação, o fogo em larga escala representa um risco às nascentes.
“A Floresta Nacional é uma área de captação de água e de nascente. A vegetação é necessária para manter a captação da água da chuva e poder proteger os recursos de água.” (Fonte: G1)