O ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, alertou nesta sexta-feira (27/10), em São Luís (MA), que a mudança do clima, junto com a destruição de florestas, de nascentes, a poluição, assoreamento e a utilização excessiva da água dos mananciais são as principais causas da crise hídrica enfrentada hoje em várias regiões do país.
Sarney Filho fez a abertura do Seminário Estadual sobre Saneamento Ambiental no Estado do Maranhão, que reuniu, na capital maranhense, representantes do Ministério Público do Maranhão, magistrados, dirigentes dos órgãos estaduais de saneamento e organizações não governamentais.
“Este tema é de grande importância para o Maranhão e para o país. As ações de saneamento devem ser vistas como um conjunto de ações técnicas e socioeconômicas, de saúde pública, com o objetivo de alcançar níveis crescentes de salubridade ambiental, para promover e melhorar as condições de vida rural e urbana”, enfatizou.
Para o ministro, a solução dos problemas envolvendo a crise hídrica e o saneamento básico requer o envolvimento de todos: governos, legisladores, sociedade civil, setor privado e academia.
SANEAMENTO
O procurador-geral de Justiça do Maranhão, em exercício, Francisco das Chagas Barros Souza, abordou os graves problemas de saúde causados pela falta de saneamento e também para o desperdício de água, na sua distribuição. “No Maranhão, 62% da água captada para distribuição acaba perdida até o destino final”, lamentou. A questão também foi abordada pelo promotor público da Promotoria Especializada em Defesa do Meio Ambiente, Fernando Barreto.
Sarney Filho ressaltou a importância do trabalho desenvolvido pelo Ministério Público na área socioambiental. “O Ministério do Meio Ambiente defende os direitos difusos da sociedade e, por isso, tem sido um aliado na luta que desenvolvemos, muitas vezes para garantir os direitos das futuras gerações. Por contrariar interesses de setores, como o agronegócio, sofremos pressões permanentes”, afirmou o ministro.
ATLAS ESGOTO
Ao apresentar o Atlas Esgotos, que faz um diagnóstico da situação do saneamento no país, a diretora de Planejamento da Agência Nacional de Águas (ANA), Gisela Forattini, afirmou que o trabalho revelou a situação de 110 mil quilômetros de rios no país estão com a qualidade de água comprometida. “O exaustivo trabalho que concluímos, em 5.570 municípios brasileiros, mostra que grande parte dos rios estão com a qualidade da água comprometida pela falta de tratamento de esgotos. É urgente que este quadro seja revertido”, defendeu.
O Atlas Esgotos é um trabalho feito pela ANA em parceria com a Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental do Ministério das Cidades, com a colaboração de várias instituições federais, estaduais e municipais.
Sarney Filho também destacou a importância do Atlas, lembrando que os dados mostram, “com dura clareza”, como é grave a situação do país.
“O problema do esgoto não tratado, ou tratado de forma inadequada, ainda atinge 45% da população. Além de colocar em risco a saúde humana e ambiental, tornou-se ainda mais crítico com a mudança do clima e a crise hídrica, que tem se agravado, no país, a cada ano”, explicou.
MATAS CILIARES
Sobre a crise hídrica, o ministro disse ainda que São Paulo passou por graves problemas há dois anos e um estudo mais aprofundado mostrou que os mananciais que levam água até os reservatórios no estado chegam de rios que não têm mais matas ciliares e perdem nascentes a cada ano. “Precisamos de um esforço nacional para replantar as margens de rios e revitalizar nascentes”, defendeu, ao citar o programa Adote uma Nascente e Plantadores de Rios, do Ministério do Meio Ambiente.
Fonte: MMA