As soluções das cidades inteligentes

Os centros urbanos abrigam mais da metade da população mundial e impõem desafios a gestores em todo o mundo. De Buenos Aires a Manila, problemas relacionados a mobilidade, gestão de resíduos e mudanças climáticas exigem soluções inteligentes.

Algumas cidades se destacam por aliar tecnologia, planejamento urbano e capital humano a uma agenda sustentável e conseguem promover melhorias para suas populações mais rapidamente.

Entre os destaques estão Amsterdã, na Holanda, modelo quando se fala em economia circular e gestão de resíduos; Copenhague, na Dinamarca, com a ciclomobilidade; e Barcelona, na Espanha, que aproveitou o “boom” dos Jogos Olímpicos de 1992 para se reinventar nas mais diversas áreas.

A lista de bons exemplos, porém, está em constante mudança, pois como explica André Telles, diretor da Smart Cities Solutions (iCities), nenhuma cidade pode se intitular inteligente para sempre. “As cidades são eternamente betas, estão em processo de construção constante, até porque as inovações aparecem a todo momento.”

A iCities foi um dos organizadores da  Smart City Expo Curitiba, edição brasileira do maior evento mundial sobre cidades inteligentes do planeta, que reuniu mais de oito mil pessoas entre 28 de fevereiro e 1º de março.

O encontro é uma vitrine para soluções tecnológicas e sustentáveis que já são realidade ao redor do mundo. Os projetos apresentados incluem semáforos inteligentes, que monitoram o fluxo dos veículos e calculam o tempo necessário para escoar o tráfego. O  sistema pode ser utilizado para que cidades priorizem o transporte coletivo ou façam adaptações às necessidades dos pedestres.

Outra solução apresentada foram medidores inteligentes de energia, que permitem coletar informações sobre o consumo remotamente, sem a necessidade de deslocar profissionais para fazer a leitura.

Segundo os especialistas presentes no encontro, muitas soluções inteligentes para cidades já estão disponíveis ao redor do mundo, e o desafio hoje é tornar tais ferramentas acessíveis e colocá-las no centro do planejamento das cidades.

“Se os veículos autônomos fossem mais acessíveis, praticamente todo mundo gostaria de trocar seu carro a combustão por um elétrico. As pessoas entendem a importância, a economia, a menor geração de CO2, etc. Acontece que a gente não tem políticas públicas para isso”, criticou Telles.

Presente e futuro no Brasil

Durante a Smart City Expo foi lançado o Observatório Brasileiro das Cidades Inteligentes, com escritório em São Francisco, nos Estados Unidos. A ideia é uma parceria da Federação Nacional das Empresas de Software (Assespro), Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade (IBQP) e o iCities.

Conforme o presidente do IBQP, Tulio Severo Júnior, o objetivo do observatório será pesquisar, traduzir e disseminar conhecimento de interesse público.

“No Vale do Silício, acontece o maior número de mudanças no ambiente regulatório de tecnologia no mundo. É lá que o debate acontece. São pessoas que estão olhando para o mundo daqui a 30 ou 40 anos. Não queremos ficar na segunda onda. Queremos estar na primeira que vier”, disse.

Por enquanto, porém, o Brasil ainda precisa se ocupar de problemas mais prosaicos, como a falta de saneamento básico. “Os centros urbanos brasileiros não oferecem o mínimo para serem sustentáveis, que é o saneamento básico.  Mais de 100 milhões de brasileiros não possuem esgoto tratado”, ressaltou no evento em Curitiba o jornalista André Trigueiro, referência em sustentabilidade no Brasil.

Felizmente, soluções inteligentes estão surgindo nessa área. Durante a Smart City Expo, a Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar) apresentou o projeto de uma usina de biogestão que irá transformar o lodo gerado pelo tratamento de esgoto e resíduos orgânicos em energia elétrica, completamente limpa.

Acesse o link e assista o vídeo http://www.dw.com/pt-br/as-solu%C3%A7%C3%B5es-das-cidades-inteligentes/a-42833142

Fonte: Deutsche Welle