Inea utiliza drone para monitorar desmatamento ilegal em Ilha Grande
RIO – A preservação do meio ambiente e a conservação da Mata Atlântica ganharam um importante aliado no Rio: um drone, que vai ajudar o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) a monitorar o desmatamento ilegal. Após uma primeira experiência, em abril, no Parque Estadual da Ilha Grande, na Costa Verde, a ideia é ampliar o uso dessa tecnologia para outras áreas do estado. Segundo o subsecretário estadual do Ambiente, Rafael Ferreira, o equipamento será usado, em breve, em áreas comandadas por quadrilhas.
Um dos objetivos é usar o drone em territórios onde não há segurança para os agentes. Já identificamos condomínios irregulares na Zona Oeste, que foram embargados e tiveram as obras retomadas após determinado tempo. Fiscalização em locais como este demanda um aparato de segurança complexo, com muitas equipes mobilizadas. O drone facilita neste sentido — diz Ferreira, que prevê o uso do equipamento em outras unidades a partir de agosto.
Recentemente, o GLOBO publicou que, diante da falta de terrenos para construção em bairros da Zona Oeste, as milícias avançam sobre áreas de proteção ambiental, que são desmatadas para abertura de loteamentos ou usadas para extração de pedra e saibro. Além dos lucros obtidos com a venda e o aluguel de imóveis irregulares, as ocupações permitem um crescimento das atividades que rendem uma fortuna para essas quadrilhas.
Segundo o subsecretário, o material registrado pelo drone vai complementar as imagens obtidas por meio de satélites. A ideia na Ilha Grande, por exemplo, é monitorar, semanalmente, a cobertura florestal de uma área com aproximadamente sete mil quilômetros quadrados, onde estão os principais remanescentes florestais do Rio.
— Em função das questões climáticas da Ilha Grande, que tem uma cobertura extensa de nuvens, o monitoramento por satélite tem dificuldades de gerar alertas (denúncias) em tempo hábil. Além disso, algumas áreas apresentam uma vegetação muito densa e fechada, e os fiscais não conseguem chegar. Com o drone, planejamos um roteiro semanal. Ele veio, num primeiro momento, para suprir essa lacuna — afirma o subsecretário.
Com o drone, a preservação do meio ambiente e a conservação da Mata Atlântica ganharam um importante aliado no Estado do RioFoto: Divulgação
‘A complexidade logística da Ilha Grande precisava dessa importante ferramenta no combate aos desmatamentos e às ocupações irregulares’, diz gestor do parqueFoto: Divulgação
Para o subsecretário estadual do Ambiente, Rafael Ferreira, a incorporação do drone traz a chance de intensificar o monitoramento e o combate ao desmatamento ilegal em Ilha GrandeFoto: Divulgação
Tecnologia complementa as imagens produzidas pelo satélite, aprimorando a fiscalização do desmatamento ilegal no parqueFoto: Divulgação
Drone monitora, semanalmente, a cobertura florestal de uma área com cerca de sete mil quilômetros quadrados, onde se localizam os principais remanescentes florestais do RioFoto: Divulgação
A tecnologia faz parte do Programa “Olho no Verde”, executado pela secretaria estadual do Ambiente e pelo Inea, e foi adquirida com recursos de compensação ambientalFoto: Divulgação
Desde 2016, o Projeto “Olho no Verde” já identificou mais de 400 casos de desmatamento ilegalFoto: Divulgação
O equipamento foi comprado com recursos de compensação ambiental. Ferreira explica que a legislação brasileira de licenciamento ambiental estabelece que responsáveis por grandes empreendimentos capazes de provocar danos ao meio ambiente são obrigados a compensar financeiramente as unidades de conservação próximas ao local.
O engenheiro florestal e diretor de Biodiversidade, Áreas Protegidas e Ecossistemas do Inea, Paulo Schiavo, destaca que a ferramenta tecnológica empregada na Ilha Grande vai ser capaz de proporcionar um melhor manejo da unidade:
Trata-se de uma ferramenta que vai nos ajudar e muito, não só no controle da cobertura florestal, através do projeto “Olho no Verde”. Vamos conseguir identificar os problemas com mais agilidade e, com isso, fazer as correções necessárias, além de aumentar o nosso conhecimento sobre a própria unidade de conservação.
Desde 2016, o projeto já identificou mais de 400 casos de desmatamento ilegal, somando cerca de 1 milhão e 100 mil metros quadrados, o equivalente a 110 hectares de áreas que sofreram supressão irregular de vegetação.
Fonte: O Globo