O combate ao desmatamento é a forma mais rápida e barata de reduzir a emissão de gases de efeito estufa e combater a violência no campo. A avaliação é de um dos diretores da organização não governamental Greenpeace Paulo Adario que lançou na sexta-feira (15) a campanha pelo Desmatamento Zero, na Cúpula dos Povos. O evento ocorre paralelamente à Conferência das Nações Unidas (ONU) sobre o Desenvolvimento Sustentável (Rio+20).
Em entrevista à imprensa, Paulo Adario explicou que os efeitos da conversão de florestas em pastos ou plantações, somados às queimadas, são os principais responsáveis pela liberação de gás carbônico na atmosfera. “Sem a proteção das árvores, gás carbônico é liberado pelo solo e pelos restos de matéria orgânica”, afirmou.
Segundo o Greenpeace, dados do governo mostram que a conversão é responsável por 75% das emissões no Brasil.
“O desmatamento das florestas tropicais no mundo emitem mais gases do efeito estufa – como o mais tóxico dentre eles, o gás carbônico – do que toda a frota mundial de carros, aviões e navios juntos”, reforçou o diretor. “Isso não significa que o mundo deve aceitar o uso de fonte de energia poluente como o petróleo, para os combustíveis, mas que essa substituição [do petróleo por outra fonte] tende a ser cara e lenta. O fim do desmatamento, nesse sentido, é mais fácil”, avaliou.
Para atacar o problema, o Greenpeace cobra a otimização de áreas destinadas à pecuária, ou seja, quer que mais bois sejam criados em menos espaço. “Na Amazônia, por exemplo, tem mais boi, do que pessoas. São 80 milhões de animais para 25 milhões de pessoas. Uma pessoa não come quatro bois. Não tem sentido”, criticou. Ainda segundo Adario, cada animal é criado em cerca de 1 hectare de terra, considerado muito. “Nem nós, população brasileira, vivemos em um hectare.”
Na avaliação dos ambientalistas, outra vantagem do fim do desmatamento é a redução da violência no campo. Ao lado da Igreja Católica, o Greenpeace disse que a maioria dos homicídios no campo estão relacionados à briga por terra, assim como o trabalho escravo está relacionado ao desmatamento de áreas para a pecuária. “É um problema social gigantesco”, disse.
Para alavancar a campanha do Desmatamento Zero, que vai propor um projeto de lei de iniciativa popular ao Congresso Nacional, Adario pediu apoio da população. A representante do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) Marina Santos fez coro. “Sabemos que nossos parlamentares são igual a feijão duro. Só cozinham na pressão”, declarou. (Fonte: Isabela Vieira/ Agência Brasil)