Representação do fóssil encontrado e a reconstrução feita com auxílio de tomografia; bico surgiu para facilitar a manipulação de objetos e comida, dizem pesquisadores (Foto: Michael Hanson e Bhart-Anjan S. Bhullar/Nature/Yale)
Pesquisadores da Universidade de Yale, nos Estados Unidos, encontraram novos fósseis de um pássaro, o Ichthyornis dispar, que representa uma transição evolutiva entre dinossauros e aves modernas. A partir dos fósseis encontrados, cientistas fizeram uma reconstrução tridimencional da cabeça da ave: as imagens mostram que o pássaro apresenta tanto estruturas similares a dos dinossauros quanto formatos que se assemelham a aves existentes hoje.
O detalhamento da reconstrução foi publicado nesta quarta-feira (2) na revista “Nature”. O pássaro primitivo tem o nome de Ichthyornis dispare cientistas calculam que ele tenha vivido há quase 100 milhões de anos na América do Norte.
Os primeiros restos do pássaro foram descritos pela primeira vez em 1870, dizem os cientistas. No artigo da “Nature” agora, pesquisadores apresentaram quatro novos fósseis bem preservados. Eles pertenciam a um acervo da Universidade de Yale, nos Estados Unidos, mas não tinham sido estudados profundamente até agora.
“Bem debaixo de nossos narizes esse tempo estava uma ave de transição incrível”, disse Bhart-Anjan Bhullar, paleontólogo e primeiro autor do estudo, em nota.
“O pássaro tem um cérebro de aparência moderna, mas um músculo da mandíbula que notavelmente se assemelha a de um dinossauro”, afirma.
Segundo o paleontólogo, o estudo mostra quando o bico do pássaro apareceu pela 1ª vez na natureza e como era o seu formato: uma estrutura bastante prolongada e totalmente tomada por dentes do início ao fim. “Na sua origem, o bico era um mecanismo de precisão que servia como um substituto para as mãos transformadas em asas”, diz Bhullar, em nota.
Pássaro foi descrito pela primeira vez em 1870; novos fósseis, entretanto, demonstram novidades sobre elo evoluitivo (Foto: Michael Hanson e Bhart-Anjan S. Bhullar/Nature/Yale)
As descoberta recentes, dizem os pesquisadores, trazem novos insights de como as aves modernas se formaram. O surgimento desses novos fósseis, por exemplo, mostram que o cérebro de pássaros se modificou primeiro na linha evolutiva e só muito depois que o crânio foi adaptado: Ichthyornis dispar tinha um cérebro semelhante aos pássaros modernos, mas uma região temporal do crânio que é similar a de um dinossauro.
Uma outra contribuição dos fósseis é que eles também validam outras descobertas da equipe: em outras pesquisas, eles já haviam demonstrado que o bico e o palato são modelados pelos mesmos genes.
“A história da evolução das aves, o grupo de vertebrados mais rico em espécies em Terra, é uma das mais importantes de toda a história. Afinal, quando surgiram, ainda era o tempo dos dinossauros”, diz Bhullar, em nota.
O processo de reconstrução do crânico de Ichthyornis dispar envolveu técnicas modernas de tomografia computadorizada com pesquisas de outros pássaros em museus de história natural pelo mundo, dizem os cientistas. O achado também reforça teorias que mostram que as aves teriam surgido de alguns tipos de dinossauros.
Cientistas acreditam hoje que as aves tenham surgido a partir da evolução de alguns tipos específicos de dinossauros. Essa ave fóssil primitiva, a Archaeopteryx lithographica, exposta no Museu de História Natural da Universidade de Oxford, reforçam o elo (Foto: Michael Reeve/CC0 Creative Commons)
Fonte: G1