SOLAI, Quênia – A represa de uma plantação de rosas do Vale do Rift, no Quênia, rompeu depois de semanas de chuvas torrenciais, desencadeando um “mar de água” que percorreu a encosta de uma colina e se abateu sobre dois vilarejos, matando ao menos 47 pessoas.
As paredes do reservatório, situado no topo de uma colina do condado de Nakuru, 190 quilômetros a noroeste de Nairóbi, cederam na noite de quarta-feira, quando os moradores das redondezas começavam a fazer suas refeições noturnas.
O Quênia é um dos maiores fornecedores de flores podadas da Europa, e as rosas da fazenda Solai de 1,4 mil hectares são exportadas para a Holanda e a Alemanha, segundo a Optimal Connection, a agência holandesa que cuida de suas operações.
As águas abriram um canal marrom escuro na encosta da colina e varreram tudo em seu caminho —linhas de energia, residências e edifícios, entre eles uma escola primária.
Os corpos de duas mulheres foram encontrados a vários quilômetros de distância enquanto escavadoras e equipes de resgate munidas de pás revolviam os destroços e a lama em busca de sobreviventes e vítimas. O chefe de polícia local, Japheth Kioko, disse que o saldo de mortes pode aumentar bastante. “Até agora são 47 mortos. Ainda estamos no local”, disse ele à Reuters.
Atingida por uma seca grave no ano passado, a África Oriental foi assolada por dois meses de chuvas intensas que afetaram quase dois milhões de pessoas no Quênia, na Somália, na Etiópia e em Uganda. Pontes foram destruídas e estradas se tornaram rios de lama. Em Solai, Veronica Wanjiku Ngigi, de 67 anos, contou que estava em casa preparando chá com seu filho perto das 20h (horário local) quando sua esposa chegou correndo para dizer que a represa havia se rompido e que precisavam ir para um terreno mais elevado imediatamente.
“Era um mar de água. Meu vizinho morreu quando a água atingiu a parede de sua casa. Ele era cego, por isso não podia correr. Eles encontraram seu corpo de manhã”, disse. “Meu outro vizinho também morreu. Todas as nossas casas foram destruídas.”
Nakuru se situa no centro do fértil Vale do Rift, que abriga milhares de plantações comerciais que cultivam desde vagens a nozes de macadâmia e flores podadas, quase todas destinadas à Europa. A região é repleta de reservatórios de irrigação construídos nas últimas duas décadas para atender a demanda do setor agrícola, que se expande rapidamente e é a maior fonte de moeda forte da maior economia da África Oriental e uma grande fonte de empregos.
Fonte: Reuters