Tudo em nome do meio ambiente. O Havaí se tornou o primeiro lugar do mundo a banir a venda e a distribuição de protetor solar que contenha duas substâncias químicas nocivas aos recifes de coral (a oxibenzona e o metoxicinamato de octila). O governador do estado, David Ige, sancionou a lei na terça-feira (03/07), segundo o jornal Star Advertiser, de Honolulu. “Ao assinar essa medida hoje, nós nos tornamos os primeiros no mundo a estabelecer esse tipo de legislação dura a fim de proteger ativamente o nosso ecossistema marinho dos químicos tóxicos”, disse o político, de acordo com o jornal.
O texto da lei afirma que as duas substâncias químicas causam uma série de prejuízos, como a mortalidade de corais em desenvolvimento, o esbranquiçamento dos corais (um sinal de estresse) e danos genéticos. Além disso, segundo a lei, tais substâncias degradam a resiliência e a habilidade dos corais de se ajustarem às mudanças climáticas. A contaminação ambiental provocada pela oxibenzona e o metoxicinamato de octila “persiste nas águas da costa do Havaí, à medida que a contaminação é constantemente recarregada todos os dias por nadadores e banhistas”, diz o texto.
A lei entrará em vigor em 1º de janeiro de 2021. A ideia é retirar das prateleiras todos os protetores solares que têm as duas substâncias químicas em sua composição.
As associações ligadas ao meio ambiente, como a Friends of Hanauma Bay e a Surfrider Foundation, apoiam a nova legislação. Os fabricantes de filtro solar e associações médicas, por sua vez, são contra. A Bayer, dona da marca Coppertone, afirma que eliminar o uso de ingredientes há muito considerados seguros e efetivos pela FDA vai contra os esforços de prevenção do câncer. “O que tem sido cientificamente comprovado é que a exposição à radiação ultravioleta do sol causa câncer de pele. E usar o protetor solar é uma das formas mais efetivas de você se proteger dessa radiação, além de usar roupas protetoras e óculos de sol e permanecer na sombra”, diz à companhia em declaração enviada à imprensa americana.
A Associação de Produtos de Saúde para o Consumidor, que representa empresas como a Johnson & Johnson, diz que “a saúde, a segurança e o bem-estar de milhões de moradores do Havaí e turistas foram comprometidos” com a lei, segundo o Washington Post. A organização alega, segundo o jornal, que a lei “afeta ao menos 70% dos filtros solares à venda no mercado hoje”, e isso “baseado em uma ciência fraca que culpa os protetores solares pela danificação dos recifes de corais”.
Mas, segundo a Fast Company, há um grande número de produtos seguros aos corais amplamente disponíveis no mercado até o fator 50. Eles fornecem, segundo a publicação, proteção tanto contra os raios UVB quanto os UVA, que causam danos mais profundos na pele.
Fonte: Época Negócios