Uma equipe de pesquisadores descobriu restos de uma espécie de dinossauro gigante, a mais antiga, de mais de 200 milhões de anos, em um sítio paleontológico no oeste da Argentina, informou nesta segunda-feira (9) uma fonte científica.
A espécie, batizada de Ingenia prima, tem cerca de três vezes o tamanho dos maiores dinossauros do Triássico e foi encontrada em 2015 no sítio de Balde de Leyes, na província de San Juan, 1.100 km ao oeste de Buenos Aires.
A descoberta foi publicada nesta segunda-feira na revista especializada Nature Ecology & Evolution e divulgada na Argentina pela Agência de Divulgação Científica (CTyS) da Universidade Nacional de La Matanza.
“Quando o encontramos, percebemos que era um pouco diferente. Encontramos uma forma, a primeira gigante, entre todos os dinossauros. Essa é a novidade”, afirma Cecilia Apaldetti, pesquisadora do Instituto e Museu de Ciências Naturais da Universidade de San Juan (IMCN) e do Conicet (Conselho Nacional de Pesquisas Científicas e Técnicas).
Os pesquisadores encontraram algumas vértebras do pescoço e do rabo, ossos das patas anteriores e partes das traseiras.
Segundo Apaldetti, coautora do estudo, esta espécie “mostra uma estratégia de crescimento desconhecida até agora e indica que a origem do gigantismo ocorreu muito antes do que se pensava”.
Tratam-se de “dinossauros herbívoros, quadrúpedes e que são facilmente identificáveis por terem o pescoço e o rabo muito compridos, do grupo dos saurópodes”, disse.
Até esta descoberta se considerava que o gigantismo tinha surgido durante o período Jurássico, há 180 milhões de anos aproximadamente.
O pesquisador Ricardo Martínez, também coautor do trabalho, afirmou que o Ingenia prima data do Triássico Superior, “possivelmente 205 milhões de anos” atrás.
A equipe trabalha nos níveis do Triássico, época em que os dinossauros começaram a aparecer. Os primeiros eram pequenos, mas à medida que foram evoluindo, tenderam ao gigantismo para se defenderem dos predadores.
Segundo os cientistas, Ingenia prima é o primeiro dinossauro a atingir o gigantismo, e embora tenha estado longe das 70 toneladas que pesaram os saurópodes maiores do fim do Cretáceo, a velocidade de acumulação de tecido ósseo era maior que nas espécies de sua época e nos maiores gigantes que habitaram a Patagônia, ao sul da Argentina.
– Crescimento cíclico –
Os cortes ósseos do dinossauro mostram que tinha crescimento cíclico, sazonal, com um tipo de tecido diferente do de outros saurópodes, o que permitia um crescimento muito rápido.
Estima-se que a espécie tenha alcançado entre oito e dez metros, já que o exemplar encontrado, que media entre seis e sete metros, era juvenil e se encontrava ainda em desenvolvimento; e que pesava aproximadamente 10 toneladas, o equivalente a dois ou três elefantes africanos.
Outra característica da espécie é a existência de “cavidades pneumáticas” nos ossos que deixavam o peso mais leve e teriam favorecido seu crescimento, explica o trabalho.
O dinossauro foi encontrado no sítio de Balde de Leyes, em San Juan, descoberto em 2001 e do qual foram extraídos centenas de espécimes a partir de 2014. O sítio, de milhares de hectares, era uma espécie de savana no fim do Triássico.
Fonte: AFP