Trabalhadores do Ministério de Obras Públicas e Comunicações (MOPC) coletam lixo das praias de Güibia, Montesino e ao lado do Obelisco feminino na região do Malecon, em Santo Domingo, em 16 de julho de 2018. O MOPC iniciou as obras de limpeza para remover toneladas de resíduos sólidos da costa do Malecon de Santo Domingo, após a tempestade subtropical Beryl passou. (Foto: Erika SANTELICES / afp)
Toneladas de lixo estão sendo retiradas das praias de Santo Domingo, na República Dominicana desde o início de julho. O acúmulo acontece depois que a tempestade subtropical Beryl passou pela região levando o lixo para a costa das praias locais, como a de Montesino.
A ONG Parley, que trabalha com preservação dos oceanos, filmou as “ondas de lixo” no local e classificou a situação como emergencial. Em comunicado, declarou já ter retirado um total de 30 toneladas de plástico em Santo Domingo. Segundo a ONG, garrafas plásticas e caixas de isopor foram encontradas em meio ao lixo.
“A Parley está atualmente no local trabalhando com a marinha, o exército, os funcionários públicos e o governo municipal. Mais de 500 trabalhadores públicos foram mobilizados para a operação e, após três dias de trabalho, as equipes coletaram 30 toneladas de plástico”, diz o comunicado.
O comunicado diz ainda que, até agora, seis toneladas de plástico foram recuperadas para serem transformadas em um material usado para criar novos produtos.
As “ondas de lixo plástico” na praia de Montesinos vêm do rio Ozama, que deságua no Caribe, disse um dos responsáveis pela limpeza, o general Rafael Antonio Carrasco, à Reuters.
Soldado em meio ao lixo acumulado nas praias da República Dominicana (Foto: REUTERS/Ricardo Rojas )
Segundo o jornal “The New York Times”, as imagens chocantes não são uma surpresa para as pessoas que moram na República Dominicana. “Acontece praticamente o tempo todo se houver uma chuva forte ou uma tempestade”, disse Cyrill Gutsch, fundador da Parley for the Oceans, em uma entrevista por telefone.
O fenômeno não se limita à República Dominicana, disse ele, e pode ser visto em muitos países em desenvolvimento com litoral.
“Todo mundo usa os rios e as praias como locais de despejo”- Cyrill Gutsch, fundador da Parley for the Oceans
Trabalhadores retiram lixo acumulado nas praias da República Dominicana (Foto: Erika SANTELICES / afp)
Lixo veio de rio
Até o último dia 12 de julho, todo esse lixo estava pressionando contra a ponte flutuante sobre o rio Ozama, que percorre 148 quilômetros da ilha antes de se esvaziar no Atlântico.
A enorme massa de lixo se acumulou nesse ponto por causa das fortes chuvas da tempestade Beryl, que afetou o território dominicano.
As autoridades que controlam a ponte decidiram abri-la e o lixo acabou nas praias de Fuerte San Gil, Montesinos e Guibia, na costa sul de Santo Domingo.
Segundo a BBC, Domingo Contreras, diretor geral de Programas Especiais da Presidência da República (Digepep) declarou que as autoridades abriram a ponte para evitar que ela fosse danificada.
“Não é apenas sobre plásticos, é sobre troncos e material que o rio arrasta no meio de uma tempestade, a ponte tem uma capacidade de carga, se essa capacidade for ultrapassada, perdemos a ponte”, disse Contreras.
Em entrevista a BBC, a representante da Parley, declarou que o problema está na falta de acesso das comunidades à condições melhores de despejo de lixo e higiene.
“Todos os bairros que vivem rio acima são pessoas muito pobres, muito vulneráveis, que jogam seu lixo atrás de casa, isto é, o rio “, explicou Carmen Chamorro à BBC Mundo.
Soldado em meio ao lixo acumulado nas praias da República Dominicana (Foto: REUTERS/Ricardo Rojas)
Fonte: G1