Mudança do clima tornou onda de calor européia mais provável, dizem os cientistas

Pesquisadores da rede World Weather Attribution compararam as altas temperaturas atuais com registros históricos em sete estações meteorológicas no norte da Europa – duas na Finlândia, uma na Dinamarca, na República da Irlanda, na Holanda, na Noruega e na Suécia. Essas estações foram selecionadas porque os dados atuais de temperatura podem ser acessados ​​em tempo real e possuem registros digitalizados que remontam ao início do século XX. Os cientistas também usaram modelos de computador para avaliar o impacto da mudança climática provocada pelo homem.

Para cada ano no registro histórico, eles observaram o período mais quente de três dias consecutivos. Para 2018, foram os três dias mais quentes até o momento – já observados ou em previsão de curto prazo.

“Descobrimos que para a estação meteorológica no extremo norte, no Círculo Ártico, a atual onda de calor é extraordinária – sem precedentes no registro histórico”, destacou o Dr. Geert Jan van Oldenborgh, Pesquisador Sênior do Instituto Real de Meteorologia da Holanda (KNMI).

“Embora seja uma descoberta impressionante, é difícil quantificarmos o aumento da probabilidade com precisão, porque as temperaturas no verão variam muito de ano para ano, tornando impossível estimar a tendência a partir das observações. O mesmo vale para as outras três estações do norte.

“Mas para as três estações mais ao sul – na Holanda, Dinamarca e Irlanda – o registro histórico nos permite fazer um cálculo, e mostra que a mudança climática em geral aumentou mais de duas vezes as chances de ocorrência da atual onda de calor.”

Destas três estações, a que apresenta o menor aumento na probabilidade devido a alterações climáticas antropogénicas é Dublin, com um fator de 1.2-3,3 e uma melhor estimativa de 2. Para Copenhague, as probabilidades aumentaram por um fator de 2.4-12, com um melhor estimativa de 5; e para De Bild (Holanda), 1.6-16, melhor estimativa 3.3. Para as quatro estações mais ao norte, observações e modelos indicam um aumento na probabilidade, mas muito mais difícil de ser quantificada.

Os cientistas advertem que esta é uma análise preliminar: está sendo publicada antes do final da onda de calor, então a definição do “evento extremo” é em parte baseada na previsão das temperaturas. Resultados quantitativos robustos sobre a temporada de verão na Europa em 2018 só podem ser feitos após o término da estação.

No entanto, dizem eles, o sinal da mudança climática não é ambíguo.

“A lógica que a mudança climática segue é inevitável – o mundo está se tornando mais quente, e ondas de calor como essa estão se tornando mais comuns”, disse Friederike Otto, vice-diretor do Instituto de Mudança Ambiental da Universidade de Oxford.

“O que antes era visto como um clima excepcionalmente quente se tornará comum – em alguns casos, já aconteceu. Então, isso é algo para o qual a sociedade pode e deve se preparar – mas também não há dúvida de que podemos e devemos restringir a crescente probabilidade de todos os tipos de eventos climáticos extremos, limitando as emissões de gases de efeito estufa da forma mais rápida possível.”

A equipe da WWA planeja publicar esses resultados formalmente em um periódico científico. Isso fará parte de uma análise mais aprofundada deste verão extraordinário; a equipe também avaliará se a mudança climática desempenhou um papel na alta pressão prolongada observada no norte da Europa desde maio e, em caso afirmativo, até que ponto.

Estudos anteriores publicados pelo grupo mostraram que a mudança climática aumentou as chances de chuvas fortes no norte da Inglaterra no inverno de 2015-16 e em Houston devido ao furacão Harvey, e que a mudança climática não mudou a probabilidade de seca na região de São Paulo.

Fonte: Meio Ambiente Rio