Tahlequah, a mãe orca também conhecida como J35, foi vista na tarde de quarta-feira (8), ainda carregando seu filhote morto. Ela está há 17 dias consecutivos carregando o corpo do filhote.
“Estou absolutamente chocada e de coração partido”, disse Deborah Giles, pesquisadora do Centro de Biologia da Conservação da Universidade de Washington e diretora de pesquisa da Ong Wild Orca ao jornal “Seatlle Times”.
“Estou chorando. Não posso acreditar que ela ainda esteja carregando seu filhote ”, disse Giles, acrescentando que está muito preocupada com a saúde e o bem-estar mental de J35.
Os pesquisadores se preocupam que o animal não esteja se alimentando corretamente.
“Mesmo que sua família esteja procurando e compartilhando peixes com ela, J35 pode não estar recebendo a nutrição que precisa para recuperar qualquer perda de massa corporal que teria ocorrido naturalmente durante a gestação de seu feto e também perda adicional de nutrição durante essas semanas de luto”, explicou Giles.
Michael Milstein, porta-voz da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA), disse que Tahlequah foi flagrada por volta das 13h30 no dia 8 de agosto por pesquisadores da Fisheries Oceans Canada. Ela estava junto com toda a sua família ao largo da costa da Península Olímpica.
Grupo corre perigo de extinção
Estas orcas residentes do sul do Canadá e dos Estados Unidos correm risco de extinção. Elas dependem para alimentação do salmão-rei, que esteve em grave declínio nos últimos anos.
A comunidade, que tem cerca de 75 indivíduos, é frequentemente encontrada perto da ilha de Vancouver, no Canadá, e nas águas marítimas do Estado de Washington, nos EUA.
Pesquisas indicam que só cerca de um terço das orcas nascidas nos últimos 20 anos sobrevivem. Segundo o centro, nenhuma gravidez nos últimos três anos produziu um filhote que tenha sobrevivido.
Luto sem precedentes
Enquanto orcas e outros animais, incluindo golfinhos e gorilas, são conhecidos por carregar seus mortos, Tahlequah é um caso extraordinário.
“Isso é absolutamente sem precedentes”, disse Jason Colby, historiador da Universidade de Victoria e autor de um novo livro sobre baleias assassinas e a sua captura.
“Parece que ela está em um ciclo perigoso, e que ela não pode sair sozinha. Quem sabe quanto tempo ela passou sem se alimentar antes disso”, disse Colby.
Ken Balcomb, diretor fundador do Center for Whale Research, chamou a situação de Tahlequah de “trágica”. Ele disse que espera que a situação estimule uma mudança fundamental, como derrubar as represas do rio Lower Snake River para aumentar as corridas de salmão.
Orca doente no grupo
J50, a orca doente de 3 anos e meio na mesma família também foi vista, junto com sua mãe, J16.
A NOAA montou um plano de resgate de emergência para a jovem baleia J50, que está muito magra e também pode ter uma infecção. A agência submeteu a papelada na quarta-feira à tarde para que as autoridades canadenses possam considerar a intervenção médica para a baleia em águas canadenses, se necessário, incluindo uma injeção de antibióticos.
Todas as autorizações já foram pedidas para intervir nas águas de Washington, inclusive com um possível plano de alimentação de emergência.
As equipes estão prontas para fornecer peixes vivos para J50 se for determinado em uma avaliação de saúde que tal intervenção faz sentido.
As baleias estavam muito longe no final do dia para tentar uma avaliação de saúde na tarde de quarta-feira, disse Milstein.
Fonte: G1