Furacão Michael: como tempestade ‘menosprezada’ se tornou a 3ª mais forte a atingir os EUA

Mulher com os filhos observa destruição do furacão Michael nas ruas
Furacão Michael atingiu a Flórida com ventos de até 250km/h

O furacão Michael – terceira tempestade mais forte a atingir os Estados Unidos na História – devastou o noroeste da Flórida, inundando cidades costeiras e derrubando árvores.

Ele chegou à costa na quarta-feira, por volta das 14h do horário local (15h de Brasília), como uma tempestade de categoria 4 e ventos de até 250km/h.

Já deixou dois mortos, incluindo uma criança, nos Estados Unidos, e pelo menos 13 durante sua passagem pela América Central: seis em Honduras, quatro na Nicarágua e três em El Salvador.

Após entrar pela região conhecida como Panhandle, no noroeste da Flórida, o furacão perdeu força sobre a Geórgia e foi rebaixado para tempestade tropical. Agora, está a caminho das Carolinas do Sul e do Norte.

Árvore caída após passagem do furacão Michael
Residências ficaram sem luz depois que linhas de transmissão de energia foram destruídas pela queda de árvores

A tempestade deixou centenas de milhares de residências e empresas sem eletricidade na Flórida, no Alabama e na Geórgia.

Quão devastador é Michael?

Apenas uma tempestade “anônima” (já que a relação de nomes para os ciclones tropicais do Atlântico só seria criada nos EUA em 1953), conhecida como furacão do Dia do Trabalho, que atingiu a Flórida em 1935, e o furacão Camille, que devastou o Mississippi em 1969, chegaram ao continente com intensidade maior.

A pressão barométrica da tempestade do Dia do Trabalho (quanto menor o número, mais forte o furacão) era de 892 milibares, e Camille tinha 900. Já Michael adentrou a costa com 919.

Michael se mostrou tão poderoso ao varrer a Flórida que permaneceu como furacão enquanto avançava para o interior do país.

Haley Nelson olha para trailer destruído em Panama City, na Flórida
Destruição em Panama City, na Flórida

Embora tenha enfraquecido depois, sua rápida intensificação pegou muitos de surpresa.

A temperatura excepcionalmente alta das águas do Golfo do México acelerou a transição da tempestade tropical para furacão no último domingo.

Na terça-feira, Michael era classificado como um furacão de categoria dois, mas na manhã de quarta-feira já estava perto da categoria cinco, o nível mais alto.

Quem são as vítimas?

De acordo com as autoridades, um homem foi morto durante um incidente envolvendo a queda de uma árvore no condado de Gadsden, na Flórida.

Símbolo do McDonald's foi avariado pela passagem da tempestade em Panama City, na Flórida
Símbolo do McDonald’s foi avariado pela passagem da tempestade em Panama City, na Flórida

No condado de Seminole, na Geórgia, uma proteção de carros de metal foi levada por uma rajada de vento e atingiu um trailer, matando uma menina de 11 anos.

Travis Brooks, diretor da Agência de Gerenciamento de Emergência de Seminole, disse à ABC News que houve “uma devastação completa e total”.

Qual o tamanho do estrago na Flórida?

Mais de 370 mil pessoas receberam ordens para deixar a Flórida, mas as autoridades temem que muitos tenham ignorado o alerta.

A cidade costeira de Apalachicola registrou a ocorrência de uma onda de quase 2,5 metros.

“Há tantas linhas de transmissão e árvores derrubadas que é quase impossível atravessar a cidade”, disse o prefeito Van Johnson, segundo a agência de notícias Reuters.

Imagens de Mexico Beach, por onde o furacão entrou, mostram muitas casas submersas. Houve ainda sérios danos a edifícios na região de Panama City.

“Estamos aflitos”, afirmou Timothy Thomas, que enfrentou a tempestade com a esposa em Panama City, à agência de notícias Associated Press.

A tempestade deixou milhares de residências e empresas sem luz, depois que linhas de transmissão de energia foram destruídas pela queda de árvores.

Homem andando de bicicleta em rua com casas destruídas pelo furacão Michael
‘Os telhados das casas vão voar. Você vai ver casas destruídas’, alertou Ken Graham, diretor do Centro Nacional de Furacões, dias antes

Brock Long, diretor da Agência Federal de Gerenciamento de Emergências, disse à Casa Branca que estava preocupado com os edifícios construídos antes de 2001, que não conseguiriam suportar ventos tão fortes.

“Esperamos que essas estruturas possam resistir”, respondeu o presidente Donald Trump.

Partes da Flórida, Alabama, Geórgia e Carolina do Norte decretaram estado de emergência.

Escolas e escritórios estaduais localizados na área devem permanecer fechados nesta semana, e a Flórida acionou 3,5 mil soldados da Guarda Nacional.

E agora?

De acordo com o Centro Nacional de Furacões (NHC, em inglês), os ventos da tempestade caíram para 96 km/h no início da manhã desta quinta-feira.

O instituto alertou ainda que as comunidades no noroeste da Flórida e na Carolina do Norte enfrentam ameaça de inundações com risco de morte, à medida que a água se desloca da costa para o interior.

As Carolinas do Norte e do Sul ainda estão se recuperando das enchentes provocadas pelo furacão Florence, no mês passado.

Fonte: BBC