A automobilística Audi aceitou pagar uma multa de 800 milhões de euros (cerca de 3,5 bilhões de reais), imposta por promotores da Alemanha, para encerrar uma investigação no país relacionada ao escândalo de emissões envolvendo manipulações ilegais em carros a diesel.
A informação foi comunicada nesta terça-feira (16/10) pelo grupo Volkswagen, do qual a empresa faz parte. “A Audi aceita a multa após uma análise exaustiva e não vai entrar com recurso”, diz a nota, acrescentando que a companhia reconhece sua responsabilidade no caso.
Também em comunicado, a Audi afirmou que “os efeitos extraordinários da multa” devem provocar um impacto negativo significativo sobre as previsões da empresa para o ano fiscal em curso. O texto não especifica números.
Nesta terça-feira, promotores na cidade alemã de Munique informaram que decidiram impor a multa porque a administração da Audi foi negligente em seus deveres de fiscalização ao vender carros – com motores produzidos pela própria empresa ou pela Volkswagen – que não estavam em conformidade com os limites legais de emissão de gases poluentes.
O escândalo envolveu cerca de 4,9 milhões de carros da Audi, que foram vendidos na Europa, nos Estados Unidos e em outros países entre os anos de 2004 e 2018.
Em 2015, o grupo Volkswagen reconheceu ter equipado automóveis com um dispositivo ilegal que os fazia parecer menos poluentes, permitindo à empresa contornar as leis antipoluição de países onde os carros foram comercializados, como Estados Unidos e Canadá.
Os veículos eram vendidos como limpos, mas emitiam poluentes acima do limite permitido. Estima-se que, entre 2007 e 2015, mais de 10 milhões de automóveis tenham sido alterados com essa função de software ilegal.
Processos contra o grupo e executivos
Sem contar com a multa imposta nesta terça-feira, o escândalo já custou à Volkswagen mais de 27 bilhões de euros em multas, indenizações, recompra de veículos e custos legais, principalmente nos Estados Unidos, e a empresa continua atolada em disputas jurídicas em vários países.
Em junho deste ano, também na Alemanha, a montadora assumiu sua responsabilidade no caso e concordou em pagar uma multa de 1 bilhão de euros proposta pela promotoria de Braunschweig.
Naquele mesmo mês, o presidente da Audi, Rupert Sandler, foi preso na Alemanha acusado de fraude e falsificação de documentos que permitiram que os veículos adulterados fossem comercializados no mercado europeu.
Martin Winterkorn, presidente da Volkswagen à época do escândalo, deixou o cargo logo após a revelação das fraudes, em 2015. Seu sucessor, Matthias Müller, acabou sendo substituído em abril deste ano pelo ex-executivo da BMW Herbert Diess.
Tanto Winterkorn como Müller são suspeitos de terem tido conhecimento das fraudes nos veículos muito antes do que foi admitido por eles, o que significaria que ambos falharam em seu dever de informar os investidores da empresa sobre os riscos financeiros.
Em maio, a Justiça americana indiciou Winterkorn por quatro crimes, incluindo conspiração e fraude, devido ao seu envolvimento no escândalo de emissões, afirmando que o executivo sabia da adulteração ao menos desde maio de 2014, mas decidiu continuar com a fraude.
Fonte: Deutsche Welle