O Fundo Verde para o Clima aprovou neste mês (19) a liberação de 127,7 milhões de dólares para um projeto da FAO no Corredor Seco de El Salvador. Iniciativa visa preparar comunidades agrícolas para o avanço das mudanças climáticas, que ameaçam tornar a região ainda mais propensa a fenômenos naturais extremos, como estiagens e tempestades tropicais. Programa deve beneficiar cerca de 225 mil pessoas.
O Fundo Verde para o Clima aprovou neste mês (19) a liberação de 127,7 milhões de dólares para um projeto da FAO no Corredor Seco de El Salvador. Iniciativa visa preparar comunidades agrícolas para o avanço das mudanças climáticas, que ameaçam tornar a região ainda mais propensa a fenômenos naturais extremos, como estiagens e tempestades tropicais. Programa deve beneficiar cerca de 225 mil pessoas.
A estratégia visa transformar as práticas produtivas locais, melhorando a infra-estrutura básica e o conhecimento técnico de agricultores familiares. O objetivo da FAO é construir sistemas alimentares totalmente sustentáveis e resilientes. Entre as medidas de adaptação propostas, está o uso de sementes tolerantes a estiagens.
Chamado de RECLIMA, o projeto da agência da ONU vai mobilizar 50 mil agricultores familiares que moram em 114 municípios. O contingente representa quase 15% de todos os pequenos produtores de El Salvador. Quase 40% das famílias participantes são lideradas por mulheres. Um dos focos da iniciativa são os sistemas produtivos que cobre mais de 56 mil hectares.
O programa também tem por objetivo o restabelecimento de serviços ecossistêmicos, por meio da restauração de 17 mil hectares de terra degradados. A FAO também promoverá técnicas de captura, armazenamento e distribuição da água da chuva, beneficiando cerca de 4 mil famílias.
Com a adoção de práticas de agricultura sustentável, o organismo das Nações Unidas espera reduzir ou absorver mais de 4 milhões de toneladas de carbono ao longo de um período de cinco anos.
“Ao enfocar os pequenos agricultores, que frequentemente são aqueles na linha de frente dos impactos climáticos, este projeto não apenas ajudará a construir resiliência, mas também criará eficiências que permitirão que comunidades inteiras prosperem em um clima em mudança”, afirma Maria Helena Semedo, vice-diretora-geral da FAO para Clima e Recursos Naturais.
Dos quase 230 mil salvadorenhos beneficiados pelo RECLIMA, 20 mil são de comunidades indígenas.
Riscos climáticos
El Salvador é um dos países mais vulneráveis aos riscos trazidos pelas transformações do clima. De acordo com o Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC), o aumento global das temperaturas pode reduzir em 20% a produtividade dos principais municípios do país até 2050, principalmente por conta das secas.
Nas áreas do Corredor Seco de El Salvador, 2,2 milhões de pessoas vivem em condições de pobreza e vulnerabilidade climática. Mais da metade desses salvadorenhos (54%) depende da produção de grãos básicos, como seu principal meio de subsistência. As secas e inundações são algumas das principais causas de migrações originadas nas zonas rurais do país.
O RECLIMA foi formulado pelos Ministérios do Meio Ambiente e Recursos Naturais e da Agricultura e Pecuária, em conjunto com a pasta das Relações Exteriores e o Centro Nacional de Tecnologia Agrícola e Florestal Enrique Álvarez Córdova. A iniciativa também teve o apoio da FAO.
O processo envolveu a realização de consultas inclusivas, com a participação de povos indígenas, sociedade civil e setor privado. O programa terá um Comitê Diretivo de Alto Nível, que reportará seus resultados diretamente ao Gabinete de Sustentabilidade e Vulnerabilidade Ambiental de El Salvador.
Após um projeto no Paraguai, o RECLIMA é o segundo projeto apoiado pela FAO em nível global para receber financiamento do Fundo Verde para o Clima, o mais importante mecanismo para patrocinar ações de combate e adaptação às mudanças climáticas.
Do montante aprovado pelo fundo, 35,8 milhões de dólares serão disponibilizados pelo próprio organismo, enquanto 91,8 milhões de dólares virão do governo salvadorenho e do Fundo da Iniciativa para as Américas (FIAES).
Fonte: ONU